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Diretor de filme iraniano oferece Oscar ao povo de seu país e espera que as pessoas estejam "felizes"

O diretor iraniano Asghar Farhadi comemora a vitória de "A Separação" como melhor filme de língua estrangeira (27/2/12) - Paul Buck/EFE
O diretor iraniano Asghar Farhadi comemora a vitória de "A Separação" como melhor filme de língua estrangeira (27/2/12) Imagem: Paul Buck/EFE

Do UOL, em São Paulo

27/02/2012 04h09



Depois de agradecer à Academia e aos distribuidores de "A Separação" nos Estados Unidos pelo Oscar de melhor filme em língua estrangeira, o cineasta iraniano Asghar Farhadi fez um discurso emocionado sobre a importância de ter sido premiado para o povo de seu país, antes de ser aplaudido e ovacionado. Foi a primeira estatueta conquistada por um filme do Irã.

"Neste momento, muitos iranianos em todo o mundo estão nos observando e eu imagino que eles estejam muito felizes", começou Farhadi. "Eles estão felizes não só por causa de um prêmio importante ou um filme ou um cineasta, mas porque no momento em que os políticos trocam discursos de guerra, intimidação e agressão o nome do seu país, o Irã, é falado aqui por meio de sua cultura gloriosa, uma cultura rica e antiga que ficou escondida sob a poeira pesada da política. Eu orgulhosamente ofereço esse prêmio para o povo do meu país, as pessoas que respeitam todas as culturas e civilizações e desprezam hostilidade e ressentimento."

Após a premiação e uma sessão de fotos com o troféu, Farhadi conversou brevemente com jornalistas de várias partes do mundo. Um repórter de Israel perguntou se os iranianos acompanham a cerimônia de premiação do Oscar e se significava algo para ele ter sido indicado - e concorrido - com um filme israelense.

"As pessoas no Irã seguem o Oscar muito mais do que você pode imaginar", disse Farhadi. "E eu sei que de fato agora, enquanto o evento está acontecendo, estamos no meio da madrugada e as pessoas não estão dormindo, sei que eles estão acompanhando. E talvez a razão pela qual eles acompanham tão de perto este ano é porque trata-se de uma maneira ou de outra um evento cultural e eles gostariam de ouvir o nome de seu país através da cultura."

Outro jornalista questionou o cineasta no sentido de saber se o governo iraniano havia sabido e comentado a vitória de "A Separação" e como ele imaginava que poderiam reagir. "Eu realmente não sei e não posso prever o que vai acontecer, então, só vou esperar e ver como eles respondem", explicou Farhadi. "O governo iraniano não é unânime em tudo. Quando este filme foi indicado, alguns ficaram muito felizes, alguns ficaram empolgados, e alguns não ficaram tão felizes. Então, não é como quando você tem o mesmo nível de pessoas no sistema. Para mim o que importa é que o povo do Irã esteja feliz [com o prêmio]."