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"Ficar em pernas de pau foi a atração para mim", diz Willem Dafoe sobre papel de marciano em "John Carter"

Em cima de uma perna de pau, Willem Dafoe recebe instruções do diretor Andrew Stanton; à dir., Tars Tarkas, personagem de Dafoe em "John Carter - Entre Dois Mundos" - Divulgação
Em cima de uma perna de pau, Willem Dafoe recebe instruções do diretor Andrew Stanton; à dir., Tars Tarkas, personagem de Dafoe em "John Carter - Entre Dois Mundos" Imagem: Divulgação

Mariane Morisawa

Do UOL, em São Francisco

07/03/2012 07h00

Willem Dafoe já interpretou de Jesus Cristo (em “A Última Tentação de Cristo”) a Duende Verde (em “Homem-Aranha”). Pois agora o ator de 56 anos encarna um marciano Tark, de 2,7 metros e quatro braços. Tars Tarkas é o aliado do humano John Carter (Taylor Kitsch), um ex-combatente da Guerra Civil Americana que vai parar em Marte na aventura “John Carter - Entre Dois Mundos”, primeiro filme de ação ao vivo do diretor de animação da Pixar Andrew Stanton (“Wall-E”). Dafoe já havia trabalhado com o cineasta em “Procurando Nemo” e ficou muito interessado no novo projeto.

Tarkas foi criado por captura de movimento, a tecnologia em que as expressões e os movimentos de um ator de carne e osso são transformados nos de um personagem de animação. O experiente ator, com duas indicações ao Oscar no currículo, teve de passar por situações curiosas para viver o personagem, como contou em entrevista ao UOL.

UOL - Como foi interpretar um alien?
Willem Dafoe -
Você interpreta o personagem como se não fosse um alien, porque aliens não se sentem aliens a respeito de si mesmos. Tinha de lidar com tantas coisas técnicas!

BASTIDORES DE "JOHN CARTER - ENTRE DOIS MUNDOS"


UOL - Houve uma espécie de campo de treinamento Tark?
Dafoe -
Sim, precisamos de um tempo para saber se ia dar certo nas pernas de pau, as limitações, como os quatro braços funcionam. Quando pego um copo com minhas mãos é uma coisa, quando pego com uma das mãos Tark, é outra. Tivemos extensores de mãos. Algumas vezes, outra pessoa aparecia por trás, em roupas verdes.

UOL - O que faria com outro par de mãos?
Dafoe -
Não preciso de outro par! Eu já tenho trabalho com duas! Não vejo vantagem! (risos)

UOL - Não hesitou ao saber das pernas de pau?
Dafoe -
Na verdade, era uma das atrações para mim. É um grande brinquedo para brincar. Você revê seu corpo em termos de movimento. É divertido.

TRAILER DE "JOHN CARTER - ENTRE DOIS MUNDOS"


UOL - Fez todas as cenas?
Dafoe -
Tive de fazer. Mas não era nada demais: estar na perna de pau, alguma coisa com cabos, nada muito radical. Eu gosto de fazer isso. E é muito importante para o personagem. Se você foge da ação, algo se perde. Não é macheza, é parte do seu trabalho. Sempre quis fazer as cenas perigosas porque acho que posso me mover melhor do que qualquer dublê. Mas eles têm habilidades em coisas que eu não tenho, por exemplo, com carros. Outra coisa que não faço são quedas de grandes alturas, porque tenho medo de altura! (risos)

UOL - E como foi aprender uma língua Tark?
Dafoe -
É sempre interessante aprender algo novo. Eles pegaram essa linguista, muito séria... Só que eu às vezes enlouquecia e fazia brincadeiras aprendendo essa língua inventada. Foi interessante, porque aprender a língua é uma chave de saber como aplicar a voz, e isso impactou a maneira como o personagem falava inglês também.

UOL - Acha que ele parece fisicamente com você?
Dafoe -
Eu não vejo! Quando assisto, como em qualquer filme meu, faço muitas associações com a filmagem, vejo gestos, processos, problemas resolvidos e problemas não resolvidos. Mas, fisicamente, não. Lembro quando “Avatar” saiu, e o único que parecia com o ator era Sigourney Weaver. De um lado era bem legal, de outro, distraía.

UOL - E trabalhando em Utah, em condições adversas, foi difícil se concentrar?
Dafoe -
Virou um evento. Foram muitas coisas, o clima mudava constantemente. A pior coisa eram as tempestades de areia, porque você não pode trabalhar e é desconfortável, mas também dava medo. Às vezes era tão pesado que ficava difícil de respirar.