"Fiquei surpreso quando me ofereceram o papel", diz Viggo Mortensen sobre interpretar Freud em "Um Método Perigoso"
Um astro desde que estrelou como Aragorn em “O Senhor dos Anéis” (2001-2003) e prestes a estrear o novo filme de David Cronenberg, "Um Método Perigoso", Viggo Mortensen, 53, diz que o avanço da idade mudou todo seu modo de pensar.
“Eu estou melhor em deixar que alguém expresse sua opinião”, ele explica. “Você chega a certa idade onde você reflete sobre o que aprendeu durante suas cinco décadas no planeta. É difícil escutar quando você é mais jovem, porque é impaciente demais. Eu sempre tive pressa.”
“Ser um bom ouvinte implica em ser paciente”, acrescenta Mortensen. “Para um ator, é a habilidade mais importante que você pode aperfeiçoar, mas também é uma grande habilidade para qualquer ser humano.”
Ele é um dos melhores diretores em escolha de elenco. Nunca escala errado. Logo, não fiz o filme por sermos amigos. Havia realmente algo ali.
Viggo Mortensen sobre o diretor David Cronenberg
Também é o ponto forte clássico de um psicanalista, que é relevante porque Mortensen interpreta Sigmund Freud na produção de Cronenberg, que chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (30). Ele chegou a ser cogitado para o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua interpretação no filme, que foi adaptado pelo roteirista ganhador do Oscar Christopher Hampton a partir de sua peça de 2002, “The Talking Cure”. O filme se passa às vésperas da Primeira Guerra Mundial e gira em torno do relacionamento turbulento entre Carl Jung (Michael Fassbender), um protegido de Freud, e seu mentor mais velho.
Mais conhecido por papéis que envolvem ação, Mortensen não parece um candidato provável na lista de muitos diretores de elenco para interpretar Freud, o pai cerebral da psicanálise moderna. Ele não estava nem mesmo na lista do próprio ator. “Primeiro, o filme todo é composto de muito diálogo”, diz Mortensen, “o que "É engraçado para alguém acostumado a personagens que não falam muito", diz Viggo Mortensen sobre papel de Freud em "Um Método Perigoso". Logo, fiquei surpreso quando me ofereceram o papel, para dizer o mínimo”.
Mas após ter estrelado “Marcas da Violência” (2005) e “Senhores do Crime” (2007) de Cronenberg, ele tinha fé no diretor. “Eu também sabia que se David decidiu fazer um filme sobre Freud, não foi uma decisão tomada de modo frívolo”, diz. “Ele também é um dos melhores diretores em escolha de elenco. Nunca escala errado. Logo, não fiz o filme por sermos amigos. Havia realmente algo ali.”
O próprio Mortensen mergulhou em pesquisa freudiana, cartas e música da época. Ele até mesmo começou a fumar os charutos característicos do grande analista. Uma equipe de maquiagem lhe deu um nariz falso, uma barba e lentes de contato negras para deixá-lo... não exatamente como as pessoas pensam em Freud. “O problema é que não me pareço com Freud, apesar de interpretá-lo aos 50 anos, quando ele tinha muito mais saúde. Os últimos 15 anos de sua vida foram quando ele ficou fragilizado. A maioria das fotos que vemos de Freud foi tirada muito depois, pouco antes de sua morte e quando estava muito doente.”
“Eu adorava olhar para seus ternos antigos nas fotos e nós os capturamos perfeitamente. Após eles terem trabalhado nos meus traços faciais e na cor dos meus olhos e cabelo, e após eu vestir o terno, eu me senti pronto para encontrar o tom de Freud.”
É possível ver como esses dois homens tentaram ser mais espertos um que o outro e tentaram manipular um ao outro.
Sobre a relação entre Freud e Jung
Ele é rápido em dizer que, apesar do filme ter muito diálogo, está longe de tedioso. “Você escuta que é um filme sobre Freud e Jung e o início da psicanálise, e pode soar como se fosse um documentário seco”, reconhece Mortensen. “A verdade é que você vê as fragilidades desses personagens e aprende sobre as dúvidas que tinham e como mudaram de ideia a respeito das coisas. Também é possível ver como esses dois homens tentaram ser mais espertos um que o outro e tentaram manipular um ao outro.”
“Eles revelam mais do que queriam sobre si mesmos. O filme é preciso nisso, porque é baseado nas cartas entre os dois. Há uma ligeira limitação por parte de Jung, porque seus herdeiros não divulgaram tudo, mas há o suficiente para montar a história.”
Mortensen também trouxe munição especial ao filme.
“Eu recebi charutos de boa qualidade, semelhantes aos que meu avô fazendeiro fumava o dia todo”, explica o ator. “Eu tenho a caixa de charutos do meu avô, uma caixa arredondada de mogno. Há uma cena no filme onde eu tiro um charuto da caixa e ofereço para Jung, que recusa. Era o charuto que restava na caixa do meu avô e um dos meus amuletos de sorte.”
Mortensen estreou nas telas de cinema como um fazendeiro amish em “A Testemunha” (1985) de Peter Weir, e foi obtendo constantemente papéis maiores em filmes como “O Pagamento Final” (1993), “Retratos de uma Mulher” (1996), “Até o Limite da Honra” (1997), “Um Crime Perfeito” (1998) e “A Walk On The Moon” (1999).
TRAILER DO FILME "UM MÉTODO PERIGOSO"
Então veio “O Senhor dos Anéis”, no qual substituiu na última hora Stuart Townsend como Aragorn, e repentinamente Mortensen passou a ser um ator requisitado. Ele apostou sua fama nos papéis principais de “Mar de Fogo” (2004), “Marcas da Violência”, “Senhores do Crime”, “Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei” (2008) e “A Estrada” (2009).
O próximo papel de Mortensen será o de Old Bull Lee em “Na Estrada - On The Road”, filme de Walter Salles sobre a geração beat, baseado na obra “Pé na Estrada”, de Jack Kerouac. Com lançamento previsto para junho de 2012, o filme gira em torno de Dean (Garrett Hedlund) e Sal (Sam Riley), que estão à procura de algo. O filme também é estrelado por Amy Adams, Kirsten Dunst e Kristen Stewart. “O personagem que interpreto é um mentor louco de Kerouac. Visualmente é um filme deslumbrante. As pessoas que já assistiram 20 ou 30 minutos dele disseram que está muito bom.”
Visualmente é um filme deslumbrante. As pessoas que já assistiram 20 ou 30 minutos dele disseram que está muito bom.
Sobre a "Na Estrada - On the Road", filme de Walter Salles
Mas seus fãs não o verão no filme no qual mais gostariam de vê-lo: Mortensen não reprisará seu papel de Aragorn em “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”, que Peter Jackson está dirigindo no momento na Nova Zelândia. Baseado em um livro de J.R.R. Tolkien e ambientado no mesmo universo de “O Senhor dos Anéis”, o filme trará muitos dos principais atores do épico ganhador do Oscar, incluindo Elijah Wood como Frodo, Orlando Bloom como Legolas, Ian McKellen como Gandalf e Andy Serkis como Gollum.
Mas não há nenhum sinal de Aragorn.
“Há alguns anos eu fui perguntado pelos executivos da New Line se estaria interessado em interpretar o personagem de novo. Eu disse: ‘Mas ele não está no livro ‘O Hobbit’. Mas eles me disseram: ‘Mas eles podem fazer um filme ponte e você estaria nele’.”
“Eu disse: ‘É claro que eu faria’. Foi maravilhoso fazer aqueles filmes e realmente apreciei o processo, Mas nada aconteceu com meu personagem e ‘O Hobbit’. A esta altura eu já saberia.” “Mas eu aguardo ansiosamente para assistir o novo filme.”
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