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Apesar de dramas como "Heleno", futebol é esporte de crianças e mulheres no cinema

Mesmo com o astro Rodrigo Santoro, "Heleno" estreia em apenas 63 salas no Brasil - Divulgação
Mesmo com o astro Rodrigo Santoro, "Heleno" estreia em apenas 63 salas no Brasil Imagem: Divulgação

Sandro Macedo

Do UOL, em São Paulo

30/03/2012 07h00

O maior sucesso do futebol em Los Angeles continua sendo a contratação de David Beckham, ícone metrossexual que defende a bandeira do LA Galaxy há algumas temporadas. Mas nem a presença do astro inglês, um dos dez jogadores em atividade que mais faturam por ano de acordo com a “France Football”, serviu para transformar o “soccer” num produto rentável em Hollywood.

5 MAIORES BILHETERIAS DE FILMES SOBRE FUTEBOL

  • US$ 52,8 mi

    Papai Bate um Bolão (2005)

     

  • US$ 33,7 mi

    Ela É o Cara (2006)

     

  • US$ 32,5 mi

    Driblando o Destino (2003)

     

  • US$ 17,7 mi

    Pisando na Bola (1995)

     

  • US$ 14,8 mi

    Um Time Bom de Bola (1992)

     

Fonte: Box Office Mojo

    Na capital do cinema, o futebol é coisa para criança... ou mulherzinha. Pelo menos, esse é o reflexo das bilheterias. Esporte mais assistido do mundo, a modalidade nunca teve um representante à altura, que atraísse o público às salas de cinema, ao contrário do que acontece com boxe, futebol americano ou beisebol. E os que chegaram a ganhar alguma popularidade passam longe de cinebiografias dramáticas, como “Heleno”, que estreia nesta sexta (30) e mostra a trajetória de Heleno de Freitas, jogador polêmico, que foi ídolo do Botafogo nos anos 1940.

    O principal campeão de bilheteria do subgênero futebol é “Papai Bate um Bolão”, comédia de 2005 com Will Ferrell e Robert Duvall. No longa, Ferrell interpreta um homem atrapalhado, que nunca se deu muito bem com o competitivo pai por ser um fracasso nos esportes. É quando o time de seu filho precisa de um treinador e ele tem a chance de conquistar o jovem e dar o troco no seu velho. Mas mesmo “Papai” não chegou a ser um furor na caixa registradora, arrecadando modestos US$ 52,8 milhões.

    Para os americanos, o futebol deles, com a bola oval, ainda é soberano nos cinemas. Seu principal representante é o recente “Um Sonho Possível”, drama sobre uma história verídica de um jovem negro sem-teto que, com a ajuda de uma mulher, torna-se um grande atleta. Além de render um Oscar a Sandra Bullock, o filme deixou US$ 255,9 milhões nos cofres de Hollywood, quase 400% a mais que “Papai Bate um Bolão”.

    Entre os cinco principais faturamentos do nosso futebol, o da bola redonda, dois são protagonizados por moças: a comédia teen “Ela É o Cara” e “Driblando o Destino”.

    Coprodução Inglaterra/EUA, “Driblando” apela a Beckham no pôster da parede da protagonista, uma jovem de origem indiana que não pode jogar por preconceito dos pais, e no título original: “Bend it like Beckham”, algo como curvar a bola como Beckham, uma menção a habilidade do inglês com a bola parada. Além de uma micro ponta de Beckham, o filme deixou como herança Keira Knightley, boleira coadjuvante que despontou para o sucesso em adaptações clássicas a partir desse filme.

    Brasil
    No Brasil, os últimos longas permeados pelo futebol foram exibidos em circuitos menores. “Heleno”, com o astro Rodrigo Santoro, estreia em 63 salas no país.

    Títulos famosos sobre o universo do esporte, “Boleiros” (1998) e sua sequência, de 2006, ambos de Ugo Giorgetti, tiveram circuito ainda mais limitado. O primeiro conseguiu surpreendentes 60 mil de público em apenas 18 salas e se tornou cult. O segundo, com 25 cópias, chegou a apenas 10 mil espectadores.

    No premiado drama “Linha de Passe” (2008), Walter Sales traçava o retrato de uma família de classe baixa de São Paulo com o futebol como importante elo de ligação. Em circuito semelhante ao de “Heleno” (56 cópias), o longa chegou a respeitáveis 160,3 mil espectadores. No mesmo ano, “Meu Nome Não É Johnny” foi o filme nacional mais visto no país, com 2,1 milhões (em 171 salas).

    O campeão de público do Brasil é a comédia (sempre comédias) “O Casamento de Romeu e Julieta”, de Bruno Barreto, que conseguiu quase 1 milhão de espectadores (exatos 969,2 mil) em 2005, após estrear com 215 cópias. Não mais que oito Maracanãs lotados nos tempos de Heleno.