"Preciso fazer valer o ingresso pago", diz Sam Worthington sobre "Fúria de Titãs 2"
Na entrevista que concedeu ao UOL – sempre ao lado do mais discreto Liam Neeson – Sam Worthington, o Perseus da franquia “Fúria de Titãs”, com a antena sempre ligada, percebeu que a produção avisava, frenética, o fim da conversa, enquanto o repórter ainda formulava sua derradeira questão. Sem se fazer de rogado, ele inicia sua resposta na primeira pausa para a respiração do jornalista. A pergunta seria sobre quando ele – e seu colega mais experiente de Hollywood, bisando na tela grande o papel do todo-poderoso Zeus – decide usar dublês nas cenas mais perigosas da produção. Interrompida e complementada pelo galã de “Avatar”, a pergunta ficou assim: “quando vocês decidem que não dá para fazer mais filmes de ação”? “Ah, simples, quando não conseguirmos mais virar a ponta do pé para cima, em direção à perna! Igual ao que uma vez disse o Harrison Ford!”, diz o australiano de 35 anos, para riso geral dos presentes na suíte do Ritz-Carlton, na margem meridional do Central Park, em Nova York.
O episódio revela tanto a rapidez de raciocínio quanto o savoiz-faire do ator loiro de olhos de ardósia que conquistou fãs de todos os matizes com a postura de quem “trabalha em filmes pensando na audiência o tempo todo”. “Eu quero que as pessoas na sala de cinema tenham a mesma sensação de deslumbre que eu tinha quando menino ao ver ‘Indiana Jones’. Preciso fazer valer o ingresso pago”, diz, sério.
Nos Estados Unidos, ao menos, o resultado ficou aquém do esperado. E a culpa, desta vez, parece ser a do arrasa quarteirão “Jogos Vorazes”, que repetiu a performance da semana passada e já acumula US$ 253 milhões de bilheteria doméstica, repetindo o primeiro lugar entre os mais vistos no maior mercado de cinema do planeta (no mundo todo, a adaptação do primeiro livro de Suzanne Collins já arrecadou US$ 366 milhões). “Fúria 2”, que custou cerca de US$ 150 milhões, conseguiu números bons, mas não brilhantes: apenas US$ 36 milhões nos Estados e mais robustos US$ 76 milhões mundo afora, um total de pouco mais de US$ 112 milhões de bilheteria. Estes números ainda não incluem os dados do Brasil.
Na sexta-feira (30/3), os cinemas brasileiros também se reencontraram com o Perseus de Worthington. Foi a segunda maior abertura de filme do ano, com um público de 547 mil pessoas, para uma bilheteria de R$ 7,3 milhões. Nunca é demais lembrar que “Fúria de Titãs”, há dois anos, abocanhou US$ 163 milhões nos cinemas americanos e US$ 493 milhões nos quatro cantos do planeta (quase US$ 16 milhões apenas no Brasil). Mas, apesar do sucesso impressionante – especialmente se levarmos em conta que a franquia se origina no cult-trash de 1981, dirigido por Desmond Davis, com Laurence Olivier como Zeus, Maggie Smith como Tétis e Úrsula Andrews como Afrodite – o primeiro filme foi massacrado pela crítica, rápida em apontar a pressa em transformar o produto em 3D (embora não filmado com câmeras próprias para a nova tecnologia) e pegar o embalo da tendência que tomou conta do mercado na virada da década.
Duas das principais diferenças que indicam uma rara sequência mais bem cuidada do que o filme original são justamente o cuidado tecnológico de “Fúria de Titãs 2” e a mudança na direção. Sai Louis Leterrier (responsável pelo “Incrível Hulk” estrelado por Edward Norton), e entra o sul-africano John Liebesman, de “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles”.
“Sam e John jamais vão dizer isso, por questões políticas e porque são amigos do Louis. Mas eles ficaram chateados com o resultado final do primeiro filme. Aquelas cenas com a Medusa, por exemplo, não foram filmadas para serem vistas em 3D e tudo parece estranhíssimo, foi preciso clarear o submundo para o 3D funcionar e o resultado ficou estranho”, diz Toby Kebbell, o ator britânico conhecido do público brasileiro por “Cavalo de Guerra” e “Príncipe da Pérsia - As Areias do Tempo”, que entra na história como Agenor, o semideus, filho de Netuno, parceiro de Perseus na nova aventura pela Grécia mítica.
A ação desta vez se dá por conta do enfraquecimento dos deuses do Olimpo. A falta de adoração dos humanos diminui a força das entidades e Hades, ajudado por um deus próximo de Zeus, trama a liberação de Cronos, o mais poderoso dos titãs, afim de exterminar a humanidade e reiniciar a criação. As esperanças dos gregos ficam com Perseus, Agenor, a bela princesa guerreira Andrômeda (mais uma vez sob a responsabilidade de Rosamund Pike) e a ajuda providencial de Zeus. Outra singularidade na segunda investida da Hollywood contemporânea na mitologia grega é a ênfase no humor dos personagens, estratégia utilizada para humanizar os todo-poderosos deuses. Em determinado momento, Zeus e Hades (vivido por Ralph Fiennes) decidem entrar na batalha campal. “Vamos nos divertir um pouquinho também!”, diz o senhor dos céus para o lorde do submundo. “Eu e Ralph somos grandes amigos desde a época de ‘A Lista de Schindler’”, conta Fiennes, que segue: “É mais fácil ter um irmão de fato ao seu lado, mesmo com aquelas roupas engraçadas. Tudo fica mais orgânico”, afirma.
E sim, Neeson tranquiliza o leitor-espectador e avisa: ele pode sim esperar a frase icônica do primeiro filme – “Libertem o Kraken!” – repetida no segundo, mas em um tom bem menos dramático e mais leve. Como, aliás, é, em escolha acertada, este novo “Fúria de Titãs”.
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