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"O Príncipe do Deserto" conta a história da descoberta do petróleo com Antonio Banderas e Mark Strong

Antonio Banderas em cena de "O Príncipe do Deserto" (2012) - Divulgação
Antonio Banderas em cena de "O Príncipe do Deserto" (2012) Imagem: Divulgação

Ilana Rehavia

Do UOL, em Londres

13/04/2012 07h01

A península árabe nos anos 30, prestes a ser completamente transformada pela descoberta do petróleo, é o cenário para a trama do filme "O Príncipe do Deserto", dirigido pelo francês Jean-Jacques Annaud, que estreia no Brasil nesta sexta-feira (13).

O filme conta a história do jovem Auda (Tahar Rahim), dividido entre duas figuras paternas com visões de mundo antagônicas: seu pai, o tradicionalista sultão de Salmaah, Amar (Mark Strong) e o líder rival, o progressista emir de Hobeika, Nesib (Antonio Banderas). Para selar um pacto que prevê que nenhum dos dois líderes podem ocupar a área entre seus reinos, conhecida como Faixa Amarela, Auda e seu irmão Saleeh (Akin Gazi) vão morar com Nesib. Vários anos depois, porém, a descoberta de petróleo na região – e as ideias distintas que os dois líderes têm sobre como lidar com o surgimento do “ouro negro” – reacendem as antigas rivalidades e testam os limites das lealdades familiares. A bela atriz indiana Freida Pinto aparece como a princesa Leyla, filha de Nesib, prometida ao jovem Auda.

“O fato de que o filme fala do nascimento da indústria petrolífera foi um atrativo para mim, já que a questão tem um papel tão importante geopoliticamente, ocupando, até hoje, as primeiras páginas dos jornais”, diz o ator espanhol Antonio Banderas.

Apesar do tema delicado, "O Príncipe do Deserto" se destaca como um épico que remete às produções grandiosas da Hollywood de outrora, como "Lawrence da Arábia" e "Ben-Hur". Em uma era em que atores estão ficando mais acostumados a contracenar com as telas verdes e azuis das imagens geradas por computador, o filme de Annaud chama a atenção por quase não usar esse recurso. No lugar dos pixels, durante os cinco meses de filmagem, foram usados mais de dez mil camelos, dois mil cavalos, 20 mil extras, sete mil figurinos feito à mão, 400 armas, 5 mil balas falsas, 250 espadas e por aí vai. “Os filmes hoje em dia ou se parecem com videogames, com um exagero no uso das imagens geradas por computador, ou são filmes de arte. Há um enorme espaço entre esses dois extremos que eu quis ocupar com 'O Príncipe do Deserto”, diz Annaud, que tem no currículo os filmes "O Nome da Rosa" e "Sete Anos no Tibet", entre outros.

Os cenários, com dunas que se estendem por vários quilômetros e terminam no mar, enchem a tela e são um dos pontos fortes do filme. Mas a logística de filmar no deserto trouxe desafios para os atores. O inglês Mark Strong lembra que terminava os dias de filmagem com areia no nariz e nas orelhas e que mesmo as tarefas mais mundanas, como fazer uma xícara de chá, se tornavam complicadas por causa da necessidade do uso de geradores.

Filmado no final de 2010 nos desertos do Qatar e da Tunísia, o filme coincidiu com a Primavera Árabe, a revolução popular que derrubou governos em vários países da região. A produção estava na Tunísia quando o então presidente Ben Ali fugiu do país. Os atores podiam ouvir tiros à distância e dizem que estar na área em um momento tão histórico foi uma oportunidade única.

Banderas gosta de contar sobre uma mensagem que recebeu meses depois do fim das filmagens, quando estava no aeroporto de Nova York embarcando para acompanhar a pré-estreia do filme no Qatar. A mensagem de texto foi enviada para seu celular por uma colega tunisiana de filmagem, emocionada por estar prestes a colocar seu voto na urna pela primeira vez na vida. “A revolução aconteceu debaixo dos nossos narizes e estar lá foi um momento inesquecível”, lembra ele.

(Texto de Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb