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"Tenho orgulho de vir do MMA", diz Gina Carano, protagonista de "A Toda Prova", que estreia nesta sexta-feira (13)

Gina Carano em cena de "A Toda Prova" - Divulgação
Gina Carano em cena de "A Toda Prova" Imagem: Divulgação

Mariane Morisawa

Do UOL, em Berlim

13/04/2012 07h02

Gina Carano foi descoberta pelo diretor Steven Soderbergh fazendo o que faz desde os 21 anos de idade: lutando MMA. Ele a escalou para ser a protagonista de “A Toda Prova”, estreia desta sexta-feira (13), ao lado de Channing Tatum, Michael Fassbender, Antonio Banderas, Michael Douglas e Ewan McGregor. Sua personagem, Mallory, é uma agente a serviço de uma empresa privada que resgata e mata, se esse for o desejo do cliente, até que passa a ser perseguida por seus próprios colegas de trabalho. Bonita e forte, a lutadora e agora atriz de 30 anos falou ao UOL durante o Festival de Berlim:

UOL - Vai virar atriz?

Gina Carano - Espero que sim. Não posso lutar para sempre. Seria legal começar outra carreira.

UOL - É muita sorte ter alguém como o Steven Soderbergh te ligando e dizendo que quer você num filme. Não ficou com medo?

Gina Carano - Foi um elogio. Quando recebi a ligação, não sabia quem ele era. Sou do mundo da luta. Nunca li os créditos de um filme. Era “gostei” ou “não gostei” do filme. Tive de ter uma aula básica de atuação hollywoodiana.

Sou do mundo da luta. Nunca li os créditos de um filme. Era “gostei” ou “não gostei” do filme.

UOL - Que tipo de habilidades você levou da sua carreira como lutadora para a interpretação?

Gina Carano - Acho que no MMA enfrentei situações de muita pressão, com milhares de pessoas me vendo lutar. Você tem de estar focada, depois de treinar muito. Ter essa mentalidade extrema ajudou, não apenas no aspecto físico, mas também no mental. É fascinante ver como são similares, quão vulnerável você tem de estar quando atua, e isso faz com que minha adrenalina vá ao teto! Então gosto dessa parte.

UOL - O que gosta na luta?

Gina Carano - Gosto da disciplina. Gosto que me dê medo. E ser capaz de treinar especificamente para alguém que sei estar vindo, em vez de ter uma carreira em negócios, em que as pessoas estão esfaqueando as outras pelas costas. Gosto do respeito envolvido entre as duas pessoas que vão lutar. É muito honesto e real. E sempre gostei de esportes, a luta me fez querer treinar e me preparar. Me fez viver.

UOL - O Anderson Silva acabou de ter um documentário sobre ele. Gostaria de algo parecido?

Gina Carano - Não sei. Acho que gosto da ideia de atuar, fazer personagens. Não sei se gostaria da exposição. Gosto da minha privacidade tanto quanto gosto da honestidade. Mas amo todos os lutadores de MMA, tenho muito orgulho de vir de lá. E os brasileiros são lutadores incríveis.

UOL - Quem você acha que seria o melhor lutador entre seus oponentes no filme, se você fosse lutar contra eles na vida real?

Gina Carano - Channing é muito explosivo, apaixonado e forte. Fassbender é ardiloso e implacável. E Ewan é muito esperto, nossa luta era muito técnica, tínhamos dois dias para aprender, e ele pegou tudo tão rápido, foi uma loucura. Seria incrível poder juntar os três, seria o maior lutador do mundo.

UOL - Em algum momento passou por sua cabeça dizer não ao convite?

Gina Carano - Não. Eu estava namorando na época, e ele não queria que eu fizesse, por ciúmes, eu acho. Quando você tem uma carreira, é difícil equilibrar um namoro. Os caras são competitivos e não gostam que você tenha uma carreira. Acho que ele estava ficando com ciúmes porque queria me sustentar, e quanto mais sucesso eu tinha, mais difícil ficava para ele poder fazer isso.

UOL - Está com ele?

Gina Carano - Não, é um cara legal, mas não funcionou.

UOL - Achou alguém que possa lidar com isso?

Gina Carano - Ainda não. É difícil. Eu não ligo se ganho mais que o cara. Amor é amor, não importa o que ele faz, ele não tem de ser famoso nem lutar. Mas precisa haver amor e lealdade. Acho que os homens não entendem isso.

UOL - Os homens a tratam como uma mulher ou uma lutadora?

Gina Carano - Não sei como ser uma mulher feminina. Sempre acho que eles medem para ver se conseguem me enfrentar. Mas gosto quando um homem compra flores ou abre a porta. Vamos espalhar isso por aí! (risos)

UOL - Acha que Mallory é feminista?

Não. Acho que Mallory vive num mundo masculino e precisa se comportar meio como eles. No meu próximo filme, “In the Blood”, quero mostrar um lado mais feminino, mais suave, sem deixar de ser forte.

UOL - Fez todas as cenas de ação?

Gina Carano - Quase todas. Algumas não pude fazer por causa do seguro, algo assim. Tem uma em que pulo do prédio. Eu subi. Mas aí me falaram que eu não ia fazer, e eu queria fazer 100% das cenas. O coordenador de dublês me disse: “Gina, compartilhe!”. Depois de ver a dublê fazendo, acho que eu não conseguiria.

UOL - Alguém se machucou no set?

Gina Carano - Não... Eu machuquei meu dedinho. Claro, todos saíram cheios de arranhões e manchas roxas, com as costas doendo. Mas não dá para fazer algo assim sem arranhões. Sempre gostei dos meus machucados. É estranho.

UOL - Tem medo de ficar marcada nos filmes de ação?

Gina Carano - Tenho orgulho de onde venho, do meu esporte. A pior coisa no MMA é um lutador que não sabe se retirar só porque não sabe mais o que fazer. Estou achando outra carreira para mim, onde possa me expressar fisicamente. Espero poder mostrar o MMA às pessoas, de uma maneira diferente. Mas quero fazer outras coisas também. Quero mostrar outro tipo de ação às pessoas e um outro tipo físico de mulher.