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Retrospectiva exibe filmes de Douglas Sirk, diretor que influenciou Almodóvar e Ozon

Cena de "Imitação da Vida" (1959), com Lana Turner (à direita) - Divulgação
Cena de "Imitação da Vida" (1959), com Lana Turner (à direita) Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

27/04/2012 15h50Atualizada em 27/04/2012 15h52

O Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo exibe entre os dias 16 de maio e 10 de junho retrospectiva do diretor Douglas Sirk, mestre do melodrama em Hollywood. Ele influenciou diretores com Fassbinder, Pedro Almodóvar, François Ozon, Mike Leigh e Todd Haynes.

"Sirk: O Príncipe do Melodrama" vai apresentar 29 filmes do mestre, entre eles as grandes obras-primas dos anos 50 "Tudo o que o Céu Permite" (1955) e "Palavras ao Vento" (1956) e "Imitação da Vida" (1959). Além dos 30 filmes, a mostra exibirá cinco filmes de diretores que influenciaram Sirk, como John Stahl, ou que foram influenciados por ele, como R.W. Fassbinder, Mike Leigh e Todd Haynes.

Nascido Hans Detlef Sierck na Alemanha em 1897, Sirk rodou oitos filmes em seu país de origem já sob o regime nazista antes de ir para Hollywood, onde estreou com o drama de guerra "Hitler’s Madman" (1943). Ele ficou mais conhecido pelos melodramas rodados para os estúdios Universal, como os três citados acima. Sua parceria mais longa foi com o astro Rock Hudson, com quem rodou nove filmes, mas Sirk também dirigiu outras grandes estrelas da época, como Lauren Bacall, Lana Turner e Dorothy Malone, que venceu o Oscar de atriz coadjuvante por "Palavras ao Vento".

Durante muito tempo, Sirk foi considerado um cineasta menor –-visto que o próprio melodrama era considerado um gênero menor-– e nunca recebeu uma indicação ao Oscar. Até que Jean-Luc Godard começou a escrever textos elogiosos sobre seus filmes a partir de 1959 na revista "Cahiers du Cinéma". Isso iniciou um movimento de recuperação crítica em torno do diretor. Outro de seus grandes fãs foi o conterrâneo Rainer Werner Fassbinder, de filmes como "Lili Marlene" e "O Casamento de Maria Braun".

Hoje, o diretor é referência na obra de diretores contemporâneos como o espanhol Pedro Almodóvar ("Abraços Partidos"), o francês François Ozon (em "8 Mulheres" e "Angel") e o americano Todd Haynes, que fez sua versão pessoal de "Tudo o que o Céu Permite" em "Longe do Paraíso" (2002), estrelado por Julianne Moore.

A mostra também passará pelo Rio de Janeiro, entre os dias 16 de junho e 8 de julho, e por Brasília, ainda sem data definida. Confira a programação no site do Centro Cultural Banco do Brasil.

Veja os principais títulos da mostra:

"Imitação da Vida" (Imitation of Life)
Com Lana Turner e John Gavin
EUA, 1959, 124 min, 35mm
A história de duas mulheres, amigas por mais de 20 anos, uma branca, em constante conflito com a filha adolescente, e uma negra, devastada pela filha não aceitar sua condição racial. Obra-prima de Sirk e último filme do diretor nos EUA.

"Amar e Morrer" (A Time to Love and a time to die)
Com John Gavin
EUA, 1958, 133 min, 35mm
Soldado em permissão durante o fronte russo da Segunda Guerra Mundial conhece filha de um prisioneiro de campo de concentração. Representação de eventos da guerra que tanto marcaram a vida de Sirk, entre eles a morte do seu filho em Stalingrado.

"Almas Maculadas" (Tarnished Angels)
Com Rock Hudson, Robert Stack e Dorothy Malone
EUA, 1957, 91 min, 35mm
Um triângulo amoroso entre um jornalista, um piloto de aviação acrobática e sua jovem namorada desequilibrada. Retomada do trio de Palavras ao Vento, Hudson, Malone e Stack. Baseado em romance de William Faulkner.

"Palavras ao Vento" (Written in the Wind)
Com Rock Hudson, Lauren Bacall, Robert Stack e Dorothy Malone
EUA, 1957, 98 min, 35mm
Uma família de ricos exploradores de petróleo é devorada pelo alcoolismo do filho mais velho e pelo desequilíbrio da filha caçula. Trama clássica do melodrama retomada constante por diretores contemporâneos.

"Chamas que Não se Apagam" (There’s always tomorrow)
Com Barbara Stanwyck e Fred McMurray
EUA, 1956, 84 min, 35mm
Pai de família, bem casado e com vidinha estável, sente-se atraído por mulher liberada. Retomada do casal mítico de Pacto de Sangue (Wilder, 1944), Barbara Stanwyck e Fred McMurray.

"Tudo o que o Céu Permite" (All That Heaven Allows)
Com Rock Hudson e Jane Wyman
EUA, 1955, 89 min, 35mm
O romance entre uma viúva de meia idade e seu jardineiro mais jovem desperta o preconceito na sociedade de uma pequena cidade americana. Ela vai ter que enfrentar o preconceito do seu círculo social e dos filhos para viver seu grande amor. Retomada do casal Wyman-Hudson, em filme referência para diretores contemporâneos.

"Sublime Obsessão" (Magnificent Obsession)
Com Rock Hudson e Jane Wyman
EUA, 1954, 108 min, 35mm
Um bon vivant causa a morte de um adorado médico de uma cidade do interior. Mais tarde, apaixona-se pela mulher dele que, em decorrência de uma inconsequência do rapaz, acaba cega. O jovem retoma a escola de medicina para devolver-lhe a visão. Primeira aparição do casal mítico da filmografia de Sirk, Jane Wyman e Rock Hudson.

"Desejo Atroz" (All I Desire)
Com Barbara Stanwyck
EUA, 1953, 79 min, 16mm
Mulher liberada da cidade grande volta para seu vilarejo natal para encontrar a família a filha que abandonou. Primeiro papel de Barbara Stanwyck na obra de Sirk.


"Sirk: O Príncipe do Melodrama", no Centro Cultural Banco do Brasil em SP

Quando: 16 de maio a 10 de junho (quarta a domingo)
Onde: Rua Álvares Penteado 112, Centro
Quanto: R$ 4 (inteira), R$ 2 (meia), sessões em DVD gratuitas