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Com direito a cenas de sexo, Zac Efron faz primeiro papel adulto em "Um Homem de Sorte"

Taylor Schilling e Zac Efron em cena de "Um Homem de Sorte" - Divulgação
Taylor Schilling e Zac Efron em cena de "Um Homem de Sorte" Imagem: Divulgação

Eduardo Graça

Do UOL, em Nova Orleans,

03/05/2012 07h00

Quando Zac Efron chega à escola no subúrbio de Nova Orleans, improvisada como uma das locações para as filmagens de "Um Homem de Sorte", ele parece menos o mocinho saracoteador da franquia "High School Musical" e mais um atleta se preparando para uma prova de triatlo. Não há sinal de gordura no corpo do ator e o muque, mais tarde usado sem pudor nos outdoors do filme espalhados pelos EUA, é de dar medo.

Aos 24 anos, Efron vive na tela seu primeiro personagem dramático adulto, um fuzileiro naval ianque assombrado por combates na Ásia Central e certo de que sua sobrevivência se deve a uma fotografia encontrada por acaso depois de uma grande explosão. Ao voltar para casa, ele não sossega enquanto não encontra a mulher da foto, vivida pela loira Taylor Schilling. É com ela que Efron dividirá as cenas de sexo mais picantes jamais filmadas com o ex-menino de ouro da Disney, com direito a um rompante no chuveiro e a um leve apertão no bumbum. De Zac!

"Não vou dizer que foi uma experiência difícil fazer as cenas de amor com o Zac. Ai, não sei o que ele vai dizer, mas não foi exatamente um dia ruim de trabalho acordar e passar o tempo filmando com ele aquelas cenas. Mas também não é tão eletrizante assim como as pessoas pensam. É tudo muito técnico e você sabe que está na frente das câmeras o tempo todo”, diz Schilling, uma menina bem-criada da Nova Inglaterra que confessa, meio sem-graça, jamais ter visto "High School Musical" na vida. “Só sabia que ele era muito, muito famoso. Vim fazer o teste de elenco com ele e fiquei encantada. Ele é pé no chão, charmoso e me recebeu com os braços abertos. Ele é um cara bem especial", diz.

A reportagem do UOL acompanhou, em um dia especialmente gélido de outono na Louisiana, o diretor Scott Hicks comandar uma cena importante para a resolução da trama baseada no livro de Nicholas Sparks (famoso por "Diário de uma Paixão", cuja adaptação teve Ryan Gosling como protagonista). Keith (Jay R. Ferguson, o Stan da série "Mad Men"), o ex-marido de Beth (Taylor), parte para cima de Logan (Zac Efron), acompanhado por um dos pastores alemães do canil, principal fonte de renda da família da mocinha. 

O resultado o leitor pode conferir na tela, mas a cena tem tom dramático forte e foi ligeiramente complicada para Efron por conta de um inconveniente resfriado. A temperatura não chega a 10 graus e, como o romance se passa no verão do sul dos EUA, Efron não usa agasalhos.

"Desculpem os espirros, eles vão acontecer", brinca ele, abrindo o sorriso e encarando os repórteres com os famosos olhos azuis e os cílios aparados. "Desta vez tive de aparar quase tudo, né? Tive que raspar o corpo todo, a barba bem rente, o cabelo. E conversando com os fuzileiros, eles me contaram das tatuagens infelizes que acabaram fazendo em grupo. Um tinha um escorpião nos braços. E ele me disse: esta é muito especial, é minha 'tatuagem mico'. Cada um tem uma. Fiz uma para o filme também, mas não tive coragem ainda de me tatuar de verdade", contou, animado, pausando pouco para respirar.

Depois da experiência em "Um Homem de Sorte", os tabloides de fofoca dariam conta de uma epidemia de tatuagens no corpo do ator, incluindo uma nas mãos em que gravou as iniciais em inglês de "você só vive uma vez", e outras duas no bíceps direito. Estas últimas geraram especulações de serem declarações de amor a uma namorada, possivelmente a morena Lily Collins, a filha de Phil Collins, conhecida do público pela Branca de Neve de “Espelho, Espelho Meu”. Ou a cantora loirinha Taylor Swift. O rapaz tem sido visto ora com uma, ora com outra, na noite de Los Angeles.

De volta ao set da Louisiana, Efron conta que se transformar em Logan foi a parte mais complicada do processo de filmagem de “Um Homem de Sorte”, cuja direção ficou a cargo de Scott Hicks, indicado ao Oscar há 16 anos por “Shine - Brilhante”. “Depois de termos fechado tudo, entrei no meu quarto, liguei a TV e, zapeando, fui parar no Military Channel. Fiquei vidrado em um programa sobre os fuzileiros navais. Sempre achei que, se um dia me alistasse, passaria nos testes físicos. Dois amigos de colégio estão agora na Ásia servindo a Marinha enquanto conversamos. Mas depois de ver o programa, tive a certeza de que jamais conseguiria fazer aquilo. Aqueles são homens de um outro calibre", diz.

TRAILER DE "UM HOMEM DE SORTE"

Hicks propôs a Efron uma imersão em um campo de treinamento para fuzileiros navais na Califórnia e esta foi a primeira etapa de uma transformação física comprovada no encontro com os repórteres. Efron, que tem 1,78m, chega a parecer mais alto. “Na verdade vi que era um pouco mais alto do que a maioria dos fuzileiros, mas o corpo deles era algo completamente diferente, eles pareciam ser feitos apenas de músculos. E a psicologia também, eles tem uma presença, sabe? E aí chego eu, rindo o tempo todo, e eles sérios, compenetrados, me olhando de cima a baixo. No início, fiquei bem sem graça, mas depois de duas horas eles começaram a se abrir e me senti parte daquilo”, descreve.

Efron voltou para casa e começou imediatamente um treinamento físico rigoroso, comandado pelo treinador de sua ex-namorada Vanessa Hudgens. “Nós nos conhecemos no set de ‘Sucker Punch - Mundo Surreal’, chegamos a trabalhar juntos, os três, na época, e decidi investir bastante nesta mudança radical de minha rotina. Primeiro, comecei a comer. Comia até as paredes. Só depois de aumentar meu peso, trabalhamos os músculos. Gosto de ver meu corpo mudando. É uma das poucas coisas concretas que você pode ver no processo em que está se transformando no personagem. Não me sentia como um fuzileiro. Não tinha a postura. O treinamento físico ajudou muito no nascimento do Logan”, conta.

No filme, Efron anda do Colorado até a Louisiana (algo como usar seu par de tênis de Belo Horizonte a São Paulo, sem folga para pegar uma carona sequer) simplesmente afim de encontrar uma mulher que conhece apenas de uma fotografia amarelada. O romantismo, típico dos enredos imaginados por Spark (pense também em “Noites de Tormenta” e “Querido John”), está presente em cada cena do filme que ruma para um final feliz, ainda que não para todos os personagens.

Antes de correr de volta para o frio, Efron ainda deixa aos repórteres com uma tirada filosófica: “Ainda não sei direito se acredito ou não em destino, se você está condenado a encontrar sua outra metade de uma forma ou de outra nessa vida. Quem sabe? A única coisa que de fato sei é que quero muito acreditar nisso”. “Um Homem de Sorte” estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (4).