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Em filme sobre "Bandido da Luz Vermelha", Djin Sganzerla faz papel que foi de sua mãe em 1968

A atriz Djin Sganzerla (à esquerda) vive Jane em "Luz Nas Trevas"; sua mãe, Helena Ignez, fez Jane em "O Bandido da Luz Vermelha", em 1968 - Reprodução/Divulgação
A atriz Djin Sganzerla (à esquerda) vive Jane em "Luz Nas Trevas"; sua mãe, Helena Ignez, fez Jane em "O Bandido da Luz Vermelha", em 1968 Imagem: Reprodução/Divulgação

Ana Okada

Do UOL, em São Paulo

12/05/2012 11h57Atualizada em 12/05/2012 12h03

Djin Sganzerla, filha da atriz e diretora Helena Ignez e do diretor Rogério Sganzerla (1946-2004), revive em "Luz Nas Trevas - A Volta do Bandido da Luz Vermelha" o papel que havia sido interpretado por sua mãe em "O Bandido da Luz Vermelha", em 1968. No novo filme, que estreou nos cinemas nesta sexta-feira (11), porém, a personagem Jane volta diferente: enquanto a primeira faz de tudo para prejudicar o bandido, a segunda tenta regenerá-lo.

Em "Luz Nas Trevas", espécie de continuação do longa de 1968 que consagrou Sganzerla como um dos grandes nomes do cinema nacional, o filho do bandido Luz Vermelha, Jorge Bronze (André Guerreiro Lopes), resolve seguir os passos do pai e entra para o submundo do crime, ganhando a alcunha de "Tudo ou Nada". Sua namorada, Jane, tenta fazer com que ele mude, mas seus pedidos não surtem muito efeito. Seu pai, interpretado por Ney Matogrosso, está preso há muitos anos e não vê perspectivas para o futuro.

Apesar de terem o mesmo nome e fazerem par romântico com pai e filho, a diretora Helena diz que nunca pensou na nova Jane como uma continuação de seu personagem por conta da personalidade delas. "Elas tem características opostas. A nova é totalmente apaixonada, fiel, quer regenerar Jorge Bronze de alguma maneira, e a outra é o contrário", explica. "Rogério devia gostar muito desse nome", brinca.

Sganzerla trabalhou no roteiro de "Luz Nas Trevas" por anos, mas morreu antes de conseguir filmá-lo. Helena, que acompanhou todo o processo, levou o projeto adiante junto do diretor Ícaro Martins e adaptou partes do roteiro que ainda não estavam prontas, encaixando informações e personagens de outros filmes do diretor. Como exemplo, o gosto que o personagem Jorge Bronze tem por quadrinhos foi tirado de "HQ", de 1969.

Atriz e filha do casal, Djin diz que se lembra de ver seu pai escrevendo o roteiro e que foi natural, e ao mesmo tempo um desafio, viver a nova Jane. "Sabia que, por ser filha, iria vir uma comparação. Minha mãe ganhou todos os prêmios em festivais com essa personagem, é um marco. Mas encarei com muita naturalidade, procurei fazer com muita paixão dedicação e compor o personagem."

Para fazê-la, a atriz pintou o cabelo e ajudou a escolher as roupas e a maquiagem de Jane. "Foi realmente um personagem que eu criei. Queria fazer algo que fosse muito através do meu olhar, esse é o caminho do ator. Nunca tentei de forma alguma imitar, ou ser parecida com a outra. Elas dialogam entre si. É uma Jane pela Djin, e uma Jane pela Helena", diz.

Sem comparação

Helena Ignez conta que se inspirou no cinema que fez durante 35 anos para compor "Luz Nas Trevas" pois queria fazer um trabalho "pop", e isso se reflete na trilha sonora, que tem boleros, rap, Gilberto Gil e Ney Matogrosso, dentre outros. O filme, define a diretora, é um "convite aos jovens de todas as idades para conhecer a obra de Sganzerla".

Para ela, náo é possível comparar o novo longa ao de 68 por conta da dimensão que "O Bandido da Luz Vermelha" atingiu. "'O Bandido da Luz Vermelha' está consagrado no altar do melhor cinema do século 20. 'Luz Nas Trevas' é um filme adorável, com grandes atores, lindíssima fotografia e muito amor ao cinema. Os dois tem seu lugar."

"Nunca quis fazer uma cópia. Acho que, por isso é que deu certo", diz.

TRAILER DE "LUZ NAS TREVAS"