França entra forte na competição com drama estrelado por atriz de "Piaf"
A França entrou forte na competição pela Palma de Ouro nesta quinta com o drama “De rouille et d’os” (De ferrugem e osso), de Jacques Audiard. Audiard quase levou a Palma em 2009 com “O Profeta”, que ficou com o Grande Prêmio do Júri daquele ano (uma espécie de segundo lugar). O novo filme tem distribuição garantida no Brasil, ainda sem data de estreia.
“De rouille et d’os” acompanha em paralelo dois personagens fortes: Stéphanie (Marion Cotillard, Oscar de melhor atriz por “Piaf”), uma adestradora de orcas num parque aquático que sofre um acidente e fica paraplégica; e Ali (Matthias Schoenaerts, de “Bullhead”), pai solteiro de um menino, que divide seu tempo entre o trabalho de segurança e a luta livre. Ela o contrata para cuidar dela, e aos poucos surge uma relação intensa, feita de poucas palavras.
Como sempre nos filmes de Audiard, os diálogos perdem espaço para cenas de pura força visual, que privilegiam os corpos e seus esforços físicos – ela para voltar a andar com prótese, ele para enfrentar seus lutadores, os dois em cenas de sexo muito bem filmadas. Um filme de corpos, sangue e ossos, como indica o título. O diretor se inspirou num livro de contos do americano Craig Davidson, mas guardou apenas a atmosfera criada pelo escritor, mudando os personagens.
Depois de “O Profeta”, rodado no espaço confinado da cadeia e sem mulheres, Audiard buscou uma história de amor, rodada em grandes espaços e muita luz. “Filmo esses personagens em tempos de crise, quando resta apenas o corpo, a violência, às vezes os órgãos também”, explicou. “Eles sofrem grandes mudanças ao longo do filme. Com o acidente, ela descobre que pode se abandonar e se entregar a outra pessoa. Ele, que tem dificuldade pra se exprimir, aprende a dizer que a ama”.
Atuar sem pernas
Depois de alguns filmes em Hollywood, como “Inimigos Públicos” e “A Origem”, Marion Cotillard volta a filmar na França. Ela aparece sem pernas, graças a efeitos especiais, e teve que aprender a se movimentar sem mexer as pernas para dar veracidade a Stéphanie. Um pouco tímida mas sempre charmosa, ela falou sobre o filme. “É um trabalho de imaginação – eu tinha que imaginar que não tinha pernas. Ela é paraplégica, mas acho que esses personagens não estão longe do nosso cotidiano. Eles vivem numa infeliz realidade como muita gente. Todos temos provas a superar”. Hoje em Cannes, produtores anunciaram que Cotillard vai estrelar o próximo filme do iraniano Asghar Farhadi, diretor do oscarizado “A Separação”. O novo filme, ainda sem título, será rodado em Paris.
O belga Mattias Schoenaerts mergulha com força no papel do brutamontes que aprende aos poucos a valorizar o amor – e não deve demorar a receber convites de Hollywood. Cotillard ajudou a levantar a bola do colega, comparando-o a Daniel Day Lewis e Leonardo DiCaprio. “Na verdade já me convidaram para fazer Rambo 34. Respondi que só aceito se fizer também o 35 e o 36”, brincou o ator.
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