Filme chileno com Gael García Bernal tem mais de três minutos de aplauso em mostra paralela
Enquanto a competição principal "come bola" com filmes medíocres como o austríaco “Paradies: Liebe” (Paraíso: Amor), um filme latino-americano teve mais de três minutos de aplauso ao final da sessão na mostra paralela Quinzena dos Realizadores. É o chileno “No”, estrelado pelo mexicano Gael García Bernal.
“No” revisita um dos mais importantes episódios da história recente do Chile: em 1988, então há 15 anos no poder, o ditador Augusto Pinochet foi obrigado, por pressão internacional, a promover um referendo para saber se o povo ainda o queria como presidente. Gael interpreta René Saavedra, o publicitário que promoveu a campanha do “Não” a Pinochet, que saiu vencedora e deu início à redemocratização do país.
O filme mostra como a campanha da oposição teve que deixar de ser “pesada”, cheia de imagens sobre as torturas do regime de Pinochet, para abraçar a linguagem da publicidade que tomava conta da TV já naquela época. Criou-se assim uma campanha “positiva”, cheia de humor e imagens leves.
“Meu trabalho foi fazer uma espécie de download de informações sobre a época, para entender o contexto e entrar no ritmo, nas microesferas da vida chilena”, comentou Gael García Bernal, que desde o brasileiro “O Passado” (2007) não encontrava um papel tão bom.
“Eu era criança nos anos 80. O filme retrata esse imaginário sujo que eu e outras pessoas ainda têm dessa época, uma memória cheia de dor”, explicou o diretor Pablo Larraín – que já havia dirigido os excelentes “Tony Manero” e “Post Mortem”.
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