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Diretor de "Amores Imaginários" decepciona em Cannes com novo filme sobre travesti

O diretor Xavier Dolan (direita) posa com Nathalie Baye (esquerda) e Suzanne Clement (centro) durante promoção de "Laurence Anyways" em Cannes - Reuters
O diretor Xavier Dolan (direita) posa com Nathalie Baye (esquerda) e Suzanne Clement (centro) durante promoção de "Laurence Anyways" em Cannes Imagem: Reuters

Thiago Stivaletti

Do UOL, em Cannes

20/05/2012 08h40

Cineasta mais jovem da seleção oficial de Cannes, o canadense Xavier Dolan é um fenômeno: com apenas 23 anos, teve seus três longas-metragens até agora selecionados para o festival. Após "Eu Matei minha Mãe” e "Os Amores Imaginários", ele entrou na mostra Um Certo Olhar com "Laurence Anyways", drama sobre um homem que decide viver travestido de mulher e choca sua namorada e a família. Com longas duas horas e quarenta minutos de duração, o filme mostra o vai-e-vem na relação do casal durante mais de dez anos depois da polêmica decisão do rapaz.

Além da duração excessiva, o filme peca por um excesso de artificialismo. Tudo o que funcionava nos dois primeiros filmes – os figurinos e cenários de cores ousadas, as cenas em câmera lenta com ótima música pop, de grupos como o sueco Fever Ray – aqui ficam totalmente pesados. O próprio Laurence, protagonista, fica perdido nas suas hesitações e não provoca nenhuma simpatia do espectador. Era para ser um filme sensível e polêmico, mas torna-se enfadonho.

Na natureza selvagem

Já uma boa surpresa, também na mostra Um Certo Olhar, foi o americano "Beasts of the Southern Wild", primeiro longa de Benh Zeitlin, que chegou em Cannes depois de ser premiado em Sundance, nos EUA.

Na trama, Hushpuppy, uma menina negra, mora com seu pai numa comunidade selvagem, afastados da civilização. A comunidade é sempre atingida por tempestades e inundações.

Hushpuppy desenvolve uma ligação especial com a natureza e precisa enfrentar criaturas selvagens que são como javalis gigantes negros. Num ritmo de fantasia, o filme mistura momentos mágicos com uma realidade de muita pobreza e miséria, embalado por uma atuação impressionante da menina Quvenzhané Wallis. Se tiver um bom lançamento comercial nos EUA, o filme tem toda a chance de repetir o sucesso de "Preciosa" há três anos e chegar ao Oscar do ano que vem com boas indicações.