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"Ao invés de pedir uma bicicleta, pedi uma câmera para o meu pai", diz José Mojica Marins

Entrevista de José Mojica Marins ao "Sala de Cinema" vai ao ar na SescTV no dia 31 de maio - Divulgação
Entrevista de José Mojica Marins ao "Sala de Cinema" vai ao ar na SescTV no dia 31 de maio Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

24/05/2012 15h08Atualizada em 24/05/2012 16h48

A paixão pelo cinema de José Mojica Marins, mais conhecido como Zé do Caixão, vem de muito cedo: aos oito anos de idade. "Ao invés de pedir uma bicicleta, pedi uma câmera para o meu pai", disse ele em entrevista ao programa "Sala de Cinema", que vai ao ar na SescTV no dia 31 de maio, às 22h.

Filho de gerente de sala de cinema, Mojica contou que era uma rotina comum ir às projeções em sua infância, e isso foi decisivo para que ele viesse a trabalhar no cinema. Com sua câmera, o jovem cineasta começou a fazer curtas inspirados nas histórias que ocorriam na vizinhança. Aos 14 anos, começou a despertar o interesse da imprensa e, no final da década de 1950, fez seu primeiro longa, "A Sina do Aventureiro" (1957-58).

Mojica conta na entrevista que o interesse pelo terror veio por causa da reação do público --ao ver que as meninas se jogavam no colo de quem estivesse perto em cenas fortes-- e pelo fato de ele mesmo ser muito medroso. "Tive medo de dormir com a luz apagada até pouco tempo atrás", diz ele.

"Zé do Caixão" é fruto desse sentimento. O diretor conta que surgiu em 1963, depois de uma noite de pesadelos em que era vencido por uma "força maligna". Para enfrentar a tal criatura, Mojica resolveu criar um personagem dominador.

Sobre a censura que o personagem recebeu, nos anos 1960, o ator e roteirista relembra uma passagem ocorrida em Brasília. "Eles [os censores] me apalpavam para saber se eu era de verdade! Como é que eles queriam censurar algo se acreditavam que eu podia não ser de verdade?", questiona. Ele define Zé do Caixão como algo folclórico, que vai além do "saci pererê".

O diretor diz ainda que é a pessoa que menos ganha com seus filmes --em torno de 2 e 3% da renda de cada um--, e que tem a ajuda de seus filhos e netos para conseguir receber os direitos de exibição da sua obra dentro e fora do Brasil. Além de apresentar atualmente o programa "O Estanho Mundo do Zé do Caixão", exibido pelo Canal Brasil, ele quer lançar neste ano sua autobiografia e o último longa de Zé do Caixão.


Entrevista de José Mojica Marins ao "Sala de Cinema"
Quando: Quinta-feira (31), às 22h, com reapresentações em 1/6, às 16h; 2/6, às 20h; 3/6, às 17h e 24h; e 4/6, às 10h
Onde: SescTV (São Paulo, Net 137, digital)