"Atuar não precisa de inteligência", diz Robert Pattinson na apresentação de "Cosmópolis"
Robert Pattinson desembarcou hoje no Festival de Cannes para esquecer o vampiro Edward da saga Crepúsculo e fazer seu batismo de fogo como ator sério em “Cosmópolis”, de David Cronenberg. No filme, ele é Eric Packer, um jovem magnata de 28 anos que atravessa Nova York de limusine enquanto amigos, amantes e consultores o visitam dentro do carro. Ao contrário do romantismo de Crepúsculo, Pattinson aparece cínico e safado, com direito a duas cenas de sexo – uma delas com a estrela francesa Juliette Binoche, de 48 anos.
“Fiquei duas semanas num quarto de hotel, sem me preparar, só me preocupando com o papel”, contou ele na entrevista coletiva mais concorrida do festival. “Pedi a Cronenberg para conversarmos sobre o personagem, mas ele disse apenas: vamos começar. Não dava para ter uma atuação muito cerebral. Atuar não precisa ser inteligente”, brincou o ator.
Pattinson não se sentiu muito à vontade para falar sobre a história complicada de “Cosmópolis”. “Sobre o que é o filme? Não tenho ideia. É como o mundo das finanças, não faz sentido para mim. Mas acho que tem esperança”. E mostrou que já começa a se acostumar com a vida de celebridade e o assédio constante. “As coisas não mudaram tanto assim. Na verdade nunca fui mesmo uma pessoa muito sociável”.
Limusine dobrando a esquina
O galã britânico se declarou fã dos filmes de David Cronenberg, como “A Mosca” e “Videodrome”. “É mesmo? Sempre achei que você nunca tinha visto nenhum dos meus filmes”, brincou o cineasta canadense. Cronenberg fez de tudo para deixar a sombra do vampiro Edward de fora do filme. “Nunca pensamos nos filmes anteriores do Robert. Sei que vão dizer que é o Eric é como um vampiro de Wall Street, mas ele é muito mais abstrato. Nosso filme não é Crepúsculo, é Cosmópolis”, rejeitou.
Beno Levin, o inimigo de Eric, é vivido pelo excelente Paul Giamatti, de “Sideways”, que aparece apenas nos últimos 20 minutos de filme. “Meu personagem é totalmente isolado do resto do filme. Ficamos ali, só eu e Robert. Eu só tinha que olhar bem fundo nos olhos dele”, contou.
Veja trailer de "Cosmopolis", de David Cronenberg
A coletiva teve o luxo de contar com Don DeLillo, um dos maiores escritores americanos vivos, autor do livro homônimo no qual o filme é baseado. “Não tive nada a ver com a adaptação para o cinema. Por isso o filme ficou tão bom”, brincou o autor. “As pessoas pensam que escrevi ‘Cosmópolis’ pensando no apocalipse ou no novo milênio, mas pensei apenas num homem dentro do carro vivendo toda a sua vida num único dia. Há alguns anos, sem explicação, as ruas de Nova York se encheram de limusines brancas. Comecei me interessar por esses carros que simplesmente não conseguiam dobrar uma esquina”.
O diretor disse que escreveu o roteiro em seis dias, adaptando os diálogos de DeLillo quase palavra por palavra. Apesar disso, o canadense considerou que não se pode adaptar um livro, mas fazer uma versão diferente.
Em “Cosmópolis”, Cronenberg retoma um dos temas preferidos de sua obra, a sensação de irrealidade das coisas, de filmes como “Spider” e “ExistenZ”. Quem nunca leu o livro vai se surpreender com a atmosfera de delírio, os diálogos afiados e às vezes à beira do nonsense, mas quem já leu pode achar tudo fiel e reverente demais ao texto original. Um pouco mais de Cronenberg e menos DeLillo não faria mal ao filme.
O filme estreia no dia 13 de julho no Brasil.
* Com informações da EFE.
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