Topo

Pattinson, Kidman, McConaughey... confira os artistas e filmes que se destacaram em Cannes

Funcionário do Festival de Cannes mostra a Palma de Ouro, prêmio máximo distribuído no evento francês (15/5/12) - Christian Hartmann/Reuters
Funcionário do Festival de Cannes mostra a Palma de Ouro, prêmio máximo distribuído no evento francês (15/5/12) Imagem: Christian Hartmann/Reuters

Thiago Stivaletti

Do UOL, de Cannes

28/05/2012 07h00

Mesmo sem uma grande polêmica fora das telas, como as declarações antissemitas de Lars Von Trier em 2011, o Festival de Cannes 2012 foi a plataforma de lançamento de alguns dos melhores filmes do ano, e serviu para confirmar (ou resgatar) grandes nomes na frente e atrás das câmeras. Confira os filmes e artistas que mais se destacaram neste ano:


1. O SHOW DOS VETERANOS
Os artistas com mais de 80 anos mostraram em Cannes que ainda não se aposentaram e podem fazer grandes filmes. Os franceses Jean-Louis Trintignant (“A Fraternidade é Vermelha”) e Emmanuelle Riva (“Hiroshima Meu Amor”) deram um show de interpretação como um casal que enfrenta a morte iminente dela em “Amour”, de Michael Haneke. O mestre Alain Resnais (“Hiroshima Meu Amor”, “Ervas Daninhas”) mostrou seu poder de fogo aos 90 anos com o encantador e nostálgico “Você Ainda Não viu Nada”. Até o chileno Raul Ruiz, morto no ano passado, viu seu filme póstumo “La Noche de en Frente” ser consagrado na Quinzena dos Realizadores.

2. HOLY MOTORS
Um diretor francês esquisitão que não filmava um longa-metragem há 13 anos (Leos Carax), um ator que vive 12 personagens diferentes (Denis Lavant), uma história totalmente absurda, alguma poesia e... a diva pop Kylie Minogue. “Holy Motors” foi o filme que mais dividiu as opiniões do festival: é um filme para se amar ou odiar com todas as forças.

3. CRONENBERG E PATTINSON
O ator mais quente do momento conseguiu provar que pode ser mais do que o vampiro sexy da saga Crepúsculo na pele de um estranho milionário que cruza Nova York de limusine apenas para cortar o cabelo em "Cosmopolis". E o diretor canadense queridinho dos cinéfilos finalmente deu um tempo de filmes mais cerebrais como “Senhores do Crime” e “Um Método Perigoso” para mergulhar de novo na bizarrice de filmes como “eXistenZ” e “Crash - Estranhos Prazeres”.

4. NO
O melhor filme latino-americano do festival não estava em competição, mas numa mostra paralela, a Quinzena dos Realizadores. “No”, terceiro longa do chileno Pablo Larraín (de “Tony Manero”), retoma um episódio-chave da história do Chile, quando em 1988 o povo foi levado a votar num plebiscito para dizer “sim” ou “não” à ditadura de Pinochet – o episódio levou ao fim da ditadura. Um grande roteiro como o de “Tropa de Elite 2” e a volta por cima do ator mexicano Gael García Bernal, que há cinco anos não encontrava um grande papel.

5. NICOLE KIDMAN
Muita gente achou que a carreira de Nicole Kidman havia acabado depois de três grandes fracassos (“Nine”, “Austrália” e “A Bússola de Ouro”), do péssimo “Reféns” com Nicholas Cage e de um botox desastroso. Em Cannes, porém, Nicole Kidman ressurgiu das cinzas com dois bons personagens: a elegante Martha Gellhorn, mulher do escritor Ernest Hemingway em “Hemingway & Gellhorn”, produção da HBO; e a loiraça belzebu megabronzeada Charlotte Bless, que incendeia o coração de Zac Efron em “The Paperboy” – papel que pode até lhe render mais uma indicação ao Oscar.


6. ISABELLE HUPPERT
Mais conhecida no Brasil por filmes como “A Professora de Piano” e “Mulheres Diabólicas”, a atriz francesa de 59 anos é hoje a mais internacional do cinema. Depois de filmar nas Filipinas o thriller “Captive”, exibido no Festival de Berlim, ela chegou à Croisette com dois filmes na competição: o francês “Amour”, de Michael Haneke e o coreano “In Another Country”, de Hong Sangsoo, no qual atua no mesmo registro dos colegas coreanos. Sem contar que Isabelle já tem duas Palmas de melhor atriz na prateleira: por “Violette Nozière” (1978) e “A Professora de Piano” (2001). Para os próximos anos, ela vai aparecer nos novos filmes do chileno Raul Ruiz, do italiano Marco Bellocchio e no remake americano do terror “Suspiria”. Daqui a pouco, só falta Isabelle filmar em Marte.

7. MATTHEW MCCONAUGHEY
O bonitão do Texas surgiu no cinema em 1996 com “Tempos de Matar” (1996) e ficou mais famoso ultimamente por comédias românticas como “Um Amor de Tesouro” e “Minhas Adoráveis Ex-Namoradas”. Em Cannes, ele surgiu com dois papéis bem mais interessantes, que podem lhe valer alguma indicação ao Oscar 2013: o jornalista liberal que guarda grandes segredos de sua vida em “The Paperboy” e o fugitivo que se esconde numa ilha do rio Mississipi até reencontrar a amada (Reese Witherspoon) em “Mud”.

8. RUST AND BONE
O excelente filme francês de Jacques Audiard tem tudo para agradar no mundo todo e marcou a volta de Marion Cottillard ao cinema francês. Depois do Oscar por “Piaf” e participações em ótimos filmes americanos (“Inimigos Públicos”, “A Origem”, “Meia-Noite em Paris”), ela vive neste filme uma treinadora de baleias que sofre um acidente e fica paraplégica. O filme passou no segundo dia da competição e ficou na memória dos espectadores até o final. Uma nova indicação ao Oscar no horizonte para Marion? Logo mais, a bela será vista no novo Batman, “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”.

9. BEASTS OF THE SOUTHERN WILD
Essa história encantadora sobre uma menina negra que vive com seu pai numa comunidade isolada do rio Delta sujeita a inundações e tempestades, tem uma relação especial com a natureza e imagina um exército de gigantescas criaturas pré-históricas faz uma doce mistura de “Onde Vivem os Monstros” com “A Árvore da Vida”. O filme já tinha saído premiado do Festival de Sundance em janeiro, abocanhou o prêmio Caméra d’Or em Cannes e desde já é forte candidato à vaga de filmes independentes que o Oscar sempre reserva nas suas indicações.

10. AMÉRICA LATINA
A competição comeu bola selecionando só o indecifrável mexicano “Post Tenebras Lux”. E o Brasil, apesar de receber uma homenagem do festival com a turma do Cinema Novo (Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos), não emplacou nenhum longa inédito nas mostras principais – ao menos o curta “O Duplo”, de Juliana Rojas, ganhou um prêmio na Semana da Crítica. Ainda assim, a América Latina fez bonito com um filme mexicano premiado na mostra Um Certo Olhar (“Despues de Lucía”), os colombianos “La Playa D.C.” e “La Sirga”, os argentinos “Elefante Blanco” e “Infância Clandestina”, o uruguaio “3” e o chileno “No”.