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Johnny Depp volta a trabalhar com Tim Burton e diz que não assiste a seus filmes; veja vídeo

Tim Burton e Johnny Depp participam do lançamento do filme "Sombras da Noite", no Japão (13/5/12) - Kimimasa Mayama/EFE
Tim Burton e Johnny Depp participam do lançamento do filme "Sombras da Noite", no Japão (13/5/12) Imagem: Kimimasa Mayama/EFE

Cindy Pearlman

Do New York Times, em Chicago

29/05/2012 07h00

O público provavelmente irá em grande número assistir “Sombras da Noite”, mas um homem talvez nunca veja ao filme. Ele tem como regra evitar filmes de Johnny Depp, como “Edward Mãos de Tesoura” (1990), “Ed Wood” (1994) e todos aqueles longas da série “Piratas do Caribe”.

Seu nome é Johnny Depp.

“Eu me esforço para evitar meus filmes a todo custo”, diz rindo o ator de 48 anos. “Meus filhos assistem meus filmes. Obviamente há alguns poucos que eles não podem assistir. Eu não exibo ‘O Libertino’ (2004) para eles.”

E o que seria necessário para Johnny Depp assistir a um filme de Johnny Depp? “Traga duas garrafas de vinho e poderemos conversar a respeito”, ele diz com uma grande gargalhada.

“Sombras da Noite”, dirigido pelo colaborador de longa data de Depp, Tim Burton, é baseado na série clássica de televisão “Dark Shadows”, uma novela gótica estrelada por Jonathan Frid como o vampiro melancólico Barnabas Collins. Assista a Depp, Burton e o elenco do filme comentarem a parceria do ator e do diretor:

JOHNNY DEPP, TIM BURTON E ELENCO DE "SOMBRAS DA NOITE" FALAM SOBRE PARCERIA ENTRE OS DOIS


Depp é jovem demais para ter assistido a série quando foi originalmente exibida entre 1966 e 1971, mas ele se recorda de voltar correndo da escola para casa em Miramar, Flórida, para assistir às reprises.

“Eu simplesmente tinha que assistir a série. Era difícil, porque começava às 15h, que era o horário em que eu saía da escola. Eu corria para casa, mas sempre perdia o começo. Mas a emissora acabou mudando o horário para um pouco mais tarde, porque muitas crianças escreveram cartas.” Não é preciso dizer que Depp não era o único fã da série. “Eu também não fazia minha lição de casa assim que chegava da escola”, diz Burton em uma entrevista separada. “Eu ficava assistindo essa estranha série de TV sobre um vampiro.”

Lançado nos Estados Unidos em 11 de maio e com estreia no Brasil prevista para 22 de junho, “Sombras da Noite” começa com a aparente morte de Barnabas Collins (Depp). É 1760, e em Liverpool a família Collins está fazendo planos para se mudar para o Novo Mundo –uma ideia que não agrada Barnabas, um jovem playboy sem nenhum pensamento sério em sua cabeça. Mas seus planos mudam quando ele conhece uma bruxa imortal chamada Angelique Bouchard (Eva Green). Ele a rejeita e, por vingança, ela o transforma em um vampiro e o condena a uma sepultura subterrânea.


Cerca de 200 anos depois, entretanto, operários de obra o desenterram. Collins acorda em 1972 e, solto no mundo moderno, precisa se adaptar à música disco, lâmpadas de lava, pedras de estimação, micro-ondas e McDonald’s. Ele também tem que lidar com seus parentes modernos (Michelle Pfeiffer e Chloe Moretz), que estão ocupando a mansão ancestral da família, e o fato de que Angelique ainda está furiosa com ele e está preparada para destruir toda a família se não puder ter seu amor.

“Tudo começou para mim com as conversas que tive com Tim”, diz Depp. “Ele era um grande fã de ‘Dark Shadows’. Ela é uma daquelas séries onde, se você encontra alguém que a adorava, há essa conversa instantânea e profunda a respeito.”

O novo filme não é uma versão altamente revisionista, como tem sido o caso de alguns filmes recentes adaptados de séries clássicas de televisão. “Nós adorávamos o que Jonathan Frid fez com o personagem e sua atitude. Nós adorávamos seu visual icônico. Nós não queríamos nos desviar demais disso, com alguns poucos elementos diferentes adicionados, mas nada grande.”

“Há algo a respeito desse vampiro voltando após 200 anos adormecido. Ele volta para um mundo moderno que não tem como entender, que é onde se encontra a comédia. Ele é realmente um personagem especial.”

"CAVALEIRO SOLITÁRIO"

  • Divulgação

    Johnny Depp e Armie Hammer na primeira imagem de "Cavaleior Solitário", de Gore Verbinski


Próximo trabalho
O próximo filme de Depp é “O Cavaleiro Solitário”, no qual interpretará o ajudante Tonto --e usando uma maquiagem que, a julgar pelas primeiras fotos, faz com que ele se pareça um pouco com Marilyn Manson.

“Eu vi uma pintura por um artista chamado Kirby Sattler e olhei para a face do guerreiro e pensei: ‘É isso’. As listras descem pelo rosto e cruzam os olhos. Parecia-me que era quase possível ver as seções separadas do indivíduo, se é que você me entende.”

Os filmes de Depp têm se alternado entre grandes sucessos de bilheteria e filmes menores e excêntricos, mas ele diz não ver nenhuma diferença em fazê-los. “Nenhum dos filmes parece grande para mim. Eu apenas entro no picadeiro e faço meu trabalho. Todo filme parece um processo íntimo. Qualquer que seja o resultado final não é da minha conta. Eu me concentro na realização da coisa.”

Surgiram rumores recentemente de problemas entre Depp e sua companheira de longa data, a atriz francesa Vanessa Paradis, mas ele diz que eles continuam vivendo uma existência tranquila com seus dois filhos, Jack, de 9 anos, e Lily, de 12, dividindo seu tempo entre suas casas em Paris e Los Angeles. “Nós ficamos bastante em casa. Eu tento levar a vida mais normal possível. Uma vida simples.”

Isso é possível, ele diz, até mesmo para um astro de cinema. “Eu acho que, por algum motivo maravilhoso, os paparazzi meio que pegam leve comigo. Eles se acalmaram no meu caso. Em alguns casos, eles até mesmo beiram o respeitoso.”

Ser um astro de cinema, ele acrescenta, fica em um distante segundo lugar em seu mundo, atrás de ser um pai. “Isso fez minha vida. Mesmo quando meus filhos eram bebês, era eu quem aprendia com eles. Agora eles estão um pouco mais velhos e você começa a ter essas conversas profundas. Eles me fazem perguntas que deixam minha cabeça girando.”

“Eles também acrescentaram uma alegria pura à minha vida. Eu não posso dizer que tinha experimentado essa alegria até que tive meus filhos.”

Seus fãs são notavelmente variados, indo de crianças a idosos, e Depp diz ficar igualmente confuso diante de todos eles. “Eu não sei por que as pessoas parecem gostar de mim. Eu fui muito abençoado nesse aspecto. Tive muita sorte. Eu já estou nessa montanha-russa há muito tempo. Ainda consigo arrumar trabalho. As pessoas permaneceram comigo e assistem os filmes, o que após todos esses anos ainda me espanta.”

“Outro dia conheci um fã de 3 anos do Capitão Jack e uma senhora de 85 anos do meu bairro que é obcecada por ‘Edward Mãos de Tesoura’ e ‘Ed Wood’.”

“Quem consegue explicar isso?”