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Em lançamento de "Valente", diretor da Pixar defende conto de fadas e relembra Jobs

O ator Robbie Coltrane (voz do Lorde Dingwall), o diretor da Pixar John Lasseter, a produtora Katherine Sarafian, o diretor Mark Andrews e os atores Kelly Macdonald (voz da princesa Merida) e Kevin McKidd (voz do Lorde MacGuffin) posam para fotos durante evento de apresentação à imprensa da nova animação da Disney/Pixar, "Valente", em Edimburgo (Escócia) (30/5/12) - Chris Jackson/Getty Images
O ator Robbie Coltrane (voz do Lorde Dingwall), o diretor da Pixar John Lasseter, a produtora Katherine Sarafian, o diretor Mark Andrews e os atores Kelly Macdonald (voz da princesa Merida) e Kevin McKidd (voz do Lorde MacGuffin) posam para fotos durante evento de apresentação à imprensa da nova animação da Disney/Pixar, "Valente", em Edimburgo (Escócia) (30/5/12) Imagem: Chris Jackson/Getty Images

Mariana Tramontina

Do UOL, em Edimburgo (Escócia)*

05/06/2012 07h00

A nova produção da Pixar, "Valente", traz de volta aos cinemas um elemento tradicional da parceira Disney: o conto de fadas. A fábula, no entanto, tem um único dono. "Este é um filme cem por cento Pixar. É algo muito diferente do que já fizemos, e nós sempre tentamos fazer o que é diferente." Assim cravou John Lasseter, o diretor e supervisor criativo das duas empresas, durante o lançamento mundial do filme na sexta-feira (1), em Edimburgo, na Escócia, terra que abriga a trama.

A história de Mérida, uma princesinha ruiva de cabelos cacheados que luta para manter a liberdade, poderia bem se encaixar na fileira de fábulas tipicamente voltadas ao público feminino. Ela é a primeira personagem feminina a estrelar um filme da Pixar --produtora marcada por protagonistas masculinos, como um caubói de brinquedo (em "Toy Story"), automóveis ("Carros"), peixes ("Procurando Nemo"), ratos ("Ratatouille") e robôs ("Wall-E")."É uma história sobre família, de crescimento. É um conto de fadas, mas é para todos os gêneros", garantiu Lasseter, sobre o que ele chama de "conto de fadas sincero". O lema do cineasta: "não ser realista, e sim, acreditável".

Lasseter foi alvo certeiro dos jornalistas que estiveram no evento de lançamento do filme, na primeira tarde de sol da semana na capital escocesa. Sentado na ponta de uma mesa, estavam ao seu lado a produtora, Katherine Sarafian; o diretor, Mark Andrews; os dubladores Kelly Macdonald e Kevin McKidd; e a diretora de arte, Tia Kratter. Vestindo uma de suas famosas camisas estampadas, a mente criativa da Pixar mostrou um semblante saudoso ao citar o amigo Steve Jobs, o visionário empresário que enxergou o potencial da produtora de animação e a comprou de George Lucas em 1986.

"Sem Steve Jobs não existiriam essas animações. E a Pixar não existiria sem Steve Jobs", disse Lasseter em um emocionado discurso de sete minutos de duração. "Uma vez ele me disse: 'a forma de o público sentir sua marca é como uma conta bancária. Você pode fazer depósitos com as coisas boas, e pode fazer os saques, com o que sabe que não é tão bom para você. Mas se tiver mais saques do que depósitos, você quebra'", lembrou o cineasta, como se contasse sua própria fábula.

Segundo Lasseter, Jobs o ajudou a focar nos aspectos certos. "Ele nos encorajou a subir novos degraus. Ele dizia que a vida útil de um computador que ele fazia era de três, no máximo cinco anos. E que, se eu fizesse meu trabalho direito, esses filmes poderiam durar para sempre", contou, não escondendo a emoção. "Valente" é o primeiro lançamento do estúdio após a morte do fundador da Apple, em outubro de 2011.

Sotaque autêntico --e incompreensível
Uma das fortes características de "Valente", a estréia da Pixar em uma história de época, é a imersão completa no ambiente: a Escócia medieval. McKidd, conhecido hoje como o Dr. Hunt de "Grey's Anatomy" (e dublador do personagem Soap MacTavish do game "Call of Duty"), exerce um papel interessante no filme.

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McKidd dá voz ao grosseiro Lorde MacGuffin e ao filho dele, Young MacGuffin, em um autêntico --e incompreensível-- dialeto escocês. "Eu me diverti fazendo estes personagens, e raramente me pedem para falar com sotaque escocês. Geralmente, me pedem para ser norte-americano", disse rindo McKidd, nascido na cidade de Elgin, no norte da Escócia. "Estou orgulhoso de mostrar ao mundo meu maluco dialeto Doric", disse ele sobre a língua que aprendeu na infância.

A atriz Kelly Macdonald, que faz a voz da protagonista e faz sua estreia no universo da dublagem, trouxe da terra natal, Glasgow, a experiência do sotaque. "Mesmo sendo escocesa, foi um desafio para mim. Um aprendizado de verdade", disse ela, que também leva a cena palavras irreconhecíveis até mesmo aos nativos. "Nós amamos [os personagens] porque não os entendemos, mas sabemos que são honestos e verdadeiros", completou Lasseter.

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A fidelidade à cultura do local exibido em um filme --como na França de "Ratatouille" (2007) e na América do Sul de "Up - Altas Aventuras" (2009)-- parece não preocupar Lasseter após a obra ser adaptada para outros idiomas e em outras vozes. "É muito importante para nós fazer com que o filme seja compreendido. Foram sete anos de pesquisa, de estudos sobre o local, a história, os costumes. Então para qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo, quando assistir 'Valente', vai fazer sentido", garantiu.

No Brasil, "Valente" estreia em 20 de julho e chegará às telas com as vozes de atores televisivos como Murilo Rosa, Rodrigo Lombardi e Luciano Szafir. A cantora teen Manu Gavassi interpreta em português as duas canções do filme, que mostra a saga da princesa Mérida, uma habilidosa arqueira que enfrenta tradições e monstros ferozes para modificar seu destino.

*A jornalista viajou a convite da Disney/Pixar