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Documentário chileno coloca Pinochet como herói e irrita familiares de vítimas do ditador

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet - AFP
O ex-ditador chileno Augusto Pinochet Imagem: AFP

Do UOL, em São Paulo

10/06/2012 14h44

Simpatizantes do ex-ditador chileno Augusto Pinochet fizeram um documentário sobre o período dos anos de ditadura Pinochet e lança o ditador como um herói nacional que salvou o Chile do comunismo. As informações são do jornal inglês "The Guardian"

O filme intitulado "Pinochet" tem estreia marcada para este domingo (10)  e conta uma festa de pré-estreia. O evento foi organizado pela corporação 11 de Septiembre, que leva no nome a data em que Pinochet tomou o poder no Chile em 1973, derrubando o governo democraticamente eleito do presidente Salvador Allende.

Segundo Juan Gonzalez, um oficial reformado do exército que lidera o movimento pró-Pinochet, o desejo do filme é esclarecer as dúvidas sobre o regime do ditador: "Queremos definir o que é verdade e o que é invenção sobre Pinochet,  tivemos que aturar as mentiras e trapaças todos esses anos e ver como a história tem sido manipulada."

A irmã de Gonzalez,  Francisca, disse publicamente que foi torturada pelas forças de Pinochet, mas Gonzalez contesta que houve abusos dos direitos humanos durante a ditadura. O oficial argumenta que os mortos e torturados são vítimas de uma guerra contra os dissidentes de esquerda.

"Por que não podemos ter um documentário dele, se eles têm o seu monumento a Allende?", fala, referindo-se a estátua do ex-preseidente que fica em frente ao palácio presidencial do país.

O  governo do Chile reconheceu oficialmente em 2011 mais 9.800 vítimas da ditadura, elevando o número de mortos, torturados ou presos por motivos políticos durante o regime de Pinochet, para 40.018.

As famílias das vítimas estão indignadas com o lançamento do  filme, chamando-o de "uma campanha perigosa de reescrever a história do Chile". "Não podemos permitir esta homenagem porque procura justificar a ditadura, o terrorismo patrocinado pelo Estado e seus crimes", disse Mireya García, vice-presidente do Grupo de Familiares de Detidos e Pessoas Desaparecidas.

Grupos dos direitos humanos enviaram uma carta ao presidente, Sebastián Piñera, pedindo-lhe para proibir o evento, mas o governo disse que os organizadores têm o direito de se expressar. Grupos de direitos humanos também recorreram aos tribunais, mas o pedido foi negado.