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Idris Elba assume o comando de "Prometheus" antes de retornar ao universo de "Thor"

Ian Spelling

Do New York Times, em Nova York

13/06/2012 07h00

É bom ser Idris Elba atualmente. O ator britânico está na televisão e no cinema (com "Prometheus", de Ridley Scott, que estreia nesta sexta, 15) e, após anos caçando trabalho, o trabalho finalmente o está caçando. Ainda melhor, ele está produzindo projetos por conta própria e, além de seus trabalhos nas telas, ele é um vocalista e DJ popular conhecido como Driis.

“A sensação é ótima, mas nunca trabalhei tão duro na minha vida”, diz Idris Elba. “Eu estou exausto. Mas trabalho árduo sempre dá frutos e agora estou em uma situação onde tenho quase uma carreira internacional. Foram 10 anos de trabalho para chegar aqui. É ótimo, mas estou realmente exausto.”

O desafio, então, é Elba fazer com que dure, estender esse período de prosperidade o máximo possível e fazê-lo sem se matar, mas o ator de 39 anos reconhece que é mais fácil falar do que fazer.

“A coisa número um para mim, e não é segredo, é me divertir e apreciar o que estou fazendo. Com muita frequência as pessoas fazem coisas que não gostam e isso acaba lhes fazendo mal posteriormente. Minha tendência é fazer as coisas que gosto e, dessa forma, gostar delas enquanto estiver no meio daquilo.”

“A outra coisa é não fazer coisas demais. Apesar de estar trabalhando bastante, eu não me considero um nome muito conhecido, e isso é meio que proposital. Eu venho me expandindo, me reinventando. Eu tenho sorte por ter dois ou talvez três personagens conhecidos na minha carreira no momento, mas minha filosofia é diversificar e não fazer demais.”

Para isso, Elba se esforça para colaborar com os melhores diretores que pode nos melhores projetos disponíveis para ele. Nos Estados Unidos, pelo menos, foi “A Escuta” (“The Wire”, 2002-2004) que o colocou no mapa e desde então colaborou com Ridley Scott em “O Gângster” (2007), com Guy Ritchie em “Rock ‘n’ Rolla - A Grande Roubada” (2008) e com Kenneth Branagh em “Thor” (2011). Seu filme mais recente, “Prometheus”, o reúne com Scott.

“Eu me lembro de receber um telefonema de Ridley por meio do meu agente. Ridley estava pronto para montar seu elenco. Passou um bom tempo desenvolvendo o roteiro. Ele não faz muitos testes para alguns papéis-chave. Meio que convida pessoas de que realmente gosta e, eu acho, eu era uma delas.”

“Eu me senti bastante orgulhoso. Eu me senti como se estivesse sendo convidado a me juntar à delegação olímpica de representação.”

“Prometheus” é uma aventura de ficção científica sobre um grupo de exploradores bem financiados, que partem para os confins do espaço em uma nave chamada de forma ominosa de Prometheus, esperando descobrir as origens da humanidade e, basicamente, conhecer nossos criadores. Mas o caos ocorre quando o grupo encontra alienígenas hostis e mortais.

O elenco inclui Noomi Rapace como uma arqueóloga, Logan Marshall-Green como um cientista e Rafe Spall como um botânico. Michael Fassbender coestrela como um androide, ao lado de Charlize Theron, como uma executiva mantendo um olhar vigilante sobre os procedimentos. Elba interpreta Janek, o capitão da Prometheus.

“Ele me foi descrito originalmente como um estivador, um marinheiro acostumado ao isolamento e que pode permanecer neutro. A nave conta com pessoal corporativo a bordo, cientistas, mas ele é o sujeito que a conduz. Ele é o sujeito que a pilota, um tipo bem operário, moderado. Eu gostei da forma como Ridley descreveu sua função no filme, de modo que eu topei.”

“Janek entra na ação”, o ator se apressa em acrescentar. “Apesar dele tentar permanecer neutro diante de muito do que está acontecendo, no final, por ser o capitão da nave, ele acaba se envolvendo. Você me verá muito mais em ação, fazendo coisas, do que está no trailer.”

Milhões de pessoas em todo o mundo estão aguardando ansiosamente pela chegada de “Prometheus” aos cinemas, não apenas por ser um grande filme da temporada, mas também por representar o retorno de Scott à ficção científica, após 30 anos de ausência e, especificamente, seu retorno ao universo fictício de “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979). Scott dirigiu aquele clássico da ficção científica e é de amplo conhecimento que “Prometheus”, apesar de não ser um prólogo direto, pelo menos compartilha alguns elementos narrativos com “Alien”.

“Eu sou fã de ‘Alien’. Ele foi obviamente um triunfo incrível. Ele foi feito nos anos 1970 e ainda resiste ao teste do tempo. Eu diria que, definitivamente, o DNA de ‘Alien’ está em ‘Prometheus’, mas não é um prólogo. Ele é um filme épico por conta própria e faz perguntas muito diferentes.”

“Quando nos sentamos e assistimos ‘Alien’ pela primeira vez, nós presumimos que se tratava de um alienígena. Mas não era apenas sobre um alienígena, mas sobre a humanidade e como vemos a nós mesmos e enfrentamos a nós mesmos. Se você considerar o que ‘Prometheus’ é e quem foi Prometeu, e a mitologia de Prometeu, aí se encontram perguntas realmente grandes e algumas respostas grandes.”

Além de “Prometheus”, Elba tem vários filmes e séries prontos ou a caminho. A terceira temporada da série “Luther” está em desenvolvimento e será filmada na Inglaterra no final do ano. Elba esteve recentemente em Toronto para estrelar, ao lado de Charlie Hunnam e Ron Pearlman, na saga de ficção científica “Pacific Rim” do diretor/roteirista Guillermo del Toro, que será lançada em meados do ano que vem. No momento ele está filmando “No Good Deed”, um thriller com Taraji P. Henson. Em seguida, ele reprisará seu papel como Heimdall em “Thor 2”.

“‘Pacific Rim’ é incrível. É um filme Kaiju (os filmes de monstro japoneses como a série Godzilla) feito por um dos diretores mais criativos do momento. Eu tenho muita sorte por estar nesse filme. Mal posso esperar para vê-lo. Parece um desenho, mas é com atores de carne e osso. Esta noite eu vou trabalhar em ‘No Good Deed’. É um bom thriller à moda antiga, uma mistura de ‘O Quarto do Pânico’ (2002) e ‘Louca Obsessão’ (1990).”

Mais à frente ele fará “Long Walk to Freedom”, a cinebiografia há muito esperada de Nelson Mandela. Elba foi escalado como o líder sul-africano na produção, cujas filmagens estavam previstas para começar em maio, na África do Sul.

“[‘Long Walk to Freedom’] É uma responsabilidade imensa e eu espero que o valor do meu trabalho como ator seja realmente julgado. As pessoas gostam de mim em papéis que eu inventei, mas quando você interpreta tamanho ícone, as pessoas realmente olham e analisam você.”

“Mas eu tenho muita sorte de ter o papel e acho que nós, como público, temos muita sorte por podermos assistir a um filme sobre a vida desse homem.”

Tradutor: George El Khouri Andolfato