Topo

Cineasta Carlos Reichenbach será enterrado às 17h desta sexta-feira (15)

O cineasta Carlos Reichenbach, morto em São Paulo aos 67 anos - Divulgação
O cineasta Carlos Reichenbach, morto em São Paulo aos 67 anos Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

15/06/2012 08h27Atualizada em 15/06/2012 13h41

O enterro do gaúcho Carlos Reichenbach está previsto para acontecer nesta sexta-feira (15), às 17h, no cemitério Redentor, em São Paulo, segundo informação da assessoria de imprensa do cineasta. Ele morreu por volta das 17h30 na quinta-feira (14), dia em que completou 67 anos. Segundo a produtora Sara Silveira, sócia de Reichenbach, ele sofreu uma parada cardíaca e foi levado à Santa Casa de Misericórdia, mas chegou morto.

O corpo do cineasta está sendo velado no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.

Nome associado ao cinema marginal e à Boca do Lixo paulistana, Reichenbach dirigiu 22 filmes, entre eles "Lilian M: Relatório Confidencial" (1975), "Sede de Amar" (1979), "Amor, Palavra Prostituta" (1982) e "Alma Corsária" (1993), ao longo de mais de 40 anos de carreira.

Seu último longa foi "Falsa Loura", de 2007, com Rosane Mulholland, Cauã Reymond e Maurício Mattar no elenco.

Em 2010, durante o Festival de Brasília, Reichenbach afirmou que seu próximo projeto seria o filme "O Anjo Desarticulado", vencedor do Prêmio Estímulo do Ministério da Cultura. A vontade do diretor era que a soprano norte-americana Barbara Hendricks estivesse no elenco.

  • Reprodução

    "Carlão, meu amigo, diretor, morreu no dia de seu aniversário. Aquele coração! Com Reichenbach fiz 'Anjos do Arrabalde' (1987) e 'Bens Confiscados' (2004), além de uma grande amizade", relembrou a atriz Betty Faria (à dir.)

Repercussão

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, lamentou a morte do diretor. "A cultura brasileira acaba de perder o grande cineasta Carlos Reichenbach. Sentiremos sua falta. Inquieto, vanguardista que, por trilhar caminhos menos usuais entre os cineastas tradicionais, foi taxado como autor de filme marginal e da Boca do Lixo. No entanto, apaixonado pelo cinema em si, foi autor de obras-primas como 'Anjos do Arrabalde' e 'Álma Corsária'."

A apresentadora Marina Person expressou seus pêsames. “Estou muito triste, nem sei por onde começar a falar do Carlão. O primeiro filme que fiz fora da faculdade foi um filme dele, o 'Alma Corsária'. Ele era uma cara muito generoso, que gostava de ensinar os outros." 

Sara Silveira, sócia e amiga, também mostrou sua tristeza. "Morreu a pessoa que me ensinou tudo, meu mestre, meu melhor amigo, um cara jovem. É muito triste. Ele é a pessoa mais importante da minha vida, me ensinou tudo que eu sei de cinema. É um dos artistas mais importantes desse país."

"Ele é um querido. A gente perde um grande apaixonado pelo cinema, principalmente, pelo cinema brasileiro", diz a atriz Luciele Di Camargo. "Ele fazia os filmes com as próprias mãos para fazer acontecer. Estou bem triste."

Trajetória

Reichenbach nasceu em Porto Alegre, mas foi em São Paulo que se consagrou como um dos principais nomes do cinema nacional.

Ignorado pela Academia, mas detentor de diversos prêmios em festivais nacionais como Gramado, Brasília e Ceará, ele via com maus olhos as recentes tentativas do Brasil de buscar um Oscar. "Isso é uma sandice. Uma das coisas mais funestas que aconteceu nos últimos tempos é esse tipo de cobrança", decretou em entrevista ao UOL em 2008. "Ou se faz filme pra ver no Brasil, ou se faz filme para festival. Isso tem provocado a despersonalização brutal do nosso cinema. Mal do Oscar que nunca premiou Nelson Pereira dos Santos", provocou.

Na mesma entrevista, realizada por ocasião do lançamento de "Falsa Loura", o cineasta defendeu as possibilidades de compartilhamento de filmes na internet, especialmente para o resgate de trabalhos históricos, que não encontram mais espaço nas salas de cinema ou locadoras.

"Sou frequentador de cinema assíduo desde os 15 anos. Nunca fiz a conta, mas devo ter visto mais de 2.000 ou 3.000 filmes na minha vida toda. E às vezes ainda me assusto: que filme é esse? Nunca vi", disse. "Filmes são para serem vistos. As pessoas têm que ter direito a esse acesso. O espaço está mudando. O cinema hoje não é só mais o cinema de shopping center", concluiu.

Reichenbach era casado com Lygia Reichenbach e deixa três filhos e uma neta.