Caine e Freeman lamentam morte de Borgnine: "Nós, atores, temos problema com isso"
“Ele era um tremendo ator, e um exemplo de uma trajetória longa e bonita”, diz Michael Caine. “Não tive o prazer de trabalhar com ele diretamente, mas posso dizer que foi uma honra estarmos juntos no mesmo projeto, Red-Aposentados e Perigosos.”, diz Morgan Freeman “É testemunho de uma carreira exemplar se eu disser que me lembro de praticamente todos os papéis dele.”
Caine e Freeman estavam em Los Angeles promovendo "Batman – O Cavaleiro Das Trevas Ressurge" (onde retomam seus papéis como o mordomo Alfred e Lucius Fox, alto executivo das indústrias Wayne ) quando tiveram a notícia da morte do colega de profissão, hoje à tarde, aos 95 anos.
Nada em sua interpretação era gratuito. Ele nos lembrava sempre que o vilão é essencialmente humano, e essa humanidade é que o tornava especial.
Caine, que poucos momentos antes estava falando sobre a felicidade que é continuar trabalhando depois da idade oficial da aposentadoria, ficou sinceramente comovido quando recebeu a notícia. “Nós atores temos esse problema com a mortalidade…” ele comentou. “Temos muitas vidas, e acho que ficamos com a ilusão de que vamos viver para sempre.”
Caine e Freeman também lembraram um elemento importante na carreira de Borgnine: o quanto ele ajudou a quebrar o estereótipo hollywoodiano do que deveria ser um protagonista.
Em 1953, quando Borgnine teve seu primeiro papel de destaque, como o sargento sádico que espanca Frank Sinatra em "A Um Passo da Eternidade", um ator com suas características físicas – baixo, atarracado, de feições brutas – jamais poderia ter ambições de algum dia ser o astro de um filme. E no entanto, dois anos depois, Borgnine ganharia um Oscar como o protagonista de Marty, de Delbert Mann, seguindo por uma carreira absolutamente diversa, que incluiu comédias, filmes de ação, épicos greco-romanos, um grande sucesso de TV nos anos 1960, "McHale’s Army", e um papel inesquecível no western que revolucionou o gênero, "Meu Ódio Será Tua Herança", de Sam Peckinpah, de 1968.
Com meu sotaque e meu tipo físico, eu não teria a menor chance se tivesse começado minha carreira dez anos antes. Foi graças a atores como ele que tivemos a revolução estética que abriu as portas para novos tipos físicos
“Com meu sotaque e meu tipo físico, eu não teria a menor chance se tivesse começado minha carreira dez anos antes”, Caine comentou. “Foi graças a atores como ele que tivemos a revolução estética que abriu as portas para novos tipos físicos.”
“Comigo então foi ainda mais dramático”, Freeman completou. “Sou de uma geração que não podia frequentar os melhores cinemas da cidade, muito menos pensar em trabalhar em cinema. “
Para Freeman, os papéis mais impressionantes de Borgnine, além de Marty – “que é fabuloso, uma verdadeira aula” – são os seus vilões. “Ele era excepcional como vilão”, diz Freeman. “Nada em sua interpretação era gratuito. Ele nos lembrava sempre que o vilão é essencialmente humano, e essa humanidade é que o tornava especial.”
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