Diretor de "O Segredo dos Seus Olhos" diz que nada mudou depois de Oscar
O diretor de "O Segredo dos Seus Olhos", o argentino Juan José Campanella, disse em entrevista coletiva em Gramado, nesta terça-feira (14), que sua carreira não mudou após ter sido premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro, em 2010. As ofertas realmente aumentaram, contou ele, mas está totalmente envolvido na direção da animação "Metegol" desde que recebeu a estatueta. "Metegol" (pebolim, em português) está previsto para estrear em junho de 2013, na Argentina. "Ainda nada mudou (depois do Oscar). As ofertas aumentaram, mas não tenho vontade de deixar o 'Metegol' neste momento", disse ele.
Para uma plateia lotada de jornalistas, ele disse que não esperava que uma animação pudesse dar tanto trabalho. "Não tenho mais finais de semana, férias, não tenho mais vida", contou. Pela proximidade que o pebolim tem do futebol, Campanella foi questionado se não tem vontade de fazer um filme sobre o esporte. "Vou confessar uma coisa: não tenho interesse pelo futebol. Sei que dizer isso no Brasil ou na Argentina é quase um pecado. Tenho interesse, sim, pela paixão que ele desperta".
Campanella, que já dirigiu episódios de "House" e Law & Order", também afirmou que não tem interesse em trabalhar em Hollywood neste momento. "Não veria problemas em trabalhar em Los Angeles desde que todos, incluindo executivos e produtores, estivessem dispostos a fazer o mesmo filme". O diretor ainda chamou de "mal entendido" a ideia que o cinema argentino seria muito melhor que o brasileiro. "O roteiro também é nosso ponto fraco. Fazemos 150 filmes por ano, dos quais 148 ninguém conhece. A fama deve ser por causa dos 2 ou 3 que se saem bem".
No Palácio dos Festivais, o diretor recebeu um Kikito de Cristal pela sua contribuição ao cinema. Aplaudido de pé, ele agradeceu o carinho dos brasileiros. "Sabemos que os brasileiros são exagerados, mas isto é demais", brincou. Para ele, falta uma comunicação maior entre brasileiros e argentinos. "Aprendemos mais sobre os fenícios do que sobre os brasileiro apesar de estarmos tão próximos. Entre brasileiros e argentinos, só vejo uma rivalidade futebolística".
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