Van Damme diz que não queria ser o Mercenário "5, 6 ou 7" na sequência do filme
Jean-Claude Van Damme está em “Os Mercenários 2”, mas ele não é um dos Mercenários. Isso, precisa ser notado, fazia parte do plano do “mussels from Brussels” (“músculos de Bruxelas”, como o ator é conhecido).
“Certa vez um grande advogado me disse: ‘Olha, se você for participar de um filme grande, e isso pode acontecer, seja o vilão –porque automaticamente você será o coprotagonista, e as pessoas sempre lembram do herói e do vilão’”, diz Van Damme. “Eu gostei de ‘Os Mercenários’ (2010), mas não queria ser o Mercenário 5, 6 ou 7.”
“Eu não estou zombando disso”, Van Damme se apressa em acrescentar, em seu forte sotaque belga. “Eu só estou dizendo que ‘Os Mercenários’ tem um longo futuro, mas eu quero ir de ‘Os Mercenários’ para outra coisa.”
Com lançamento previsto para 17 de agosto nos Estados Unidos e 31 de agosto no Brasil, “Os Mercenários 2” é a sequência do sucesso internacional surpresa “Os Mercenários” (2010). Dirigido por Simon West, ele reúne Barney Ross (Sylvester Stallone) e sua equipe de mercenários no combate a um rival brutal, Jean Vilain (Van Damme), e sua equipe. Como no primeiro filme, o elenco conta com um “quem é quem” dos astros de ação veteranos, incluindo não apenas Stallone e Van Damme, mas também Jet Li, Dolph Lundgren, Chuck Norris, Arnold Schwarzenegger, Jason Statham e Bruce Willis. Liam Hemsworth representa a geração mais jovem.
Vilão
“Ao interpretar um vilão, você pode realmente ter uma grande bipolaridade em termos de altos e baixos”, ele diz, “e você pode ter todos os tipos de dimensão e todos os modos de representar. Você pode sorrir e dizer, ‘Eu vou matar você’, ou pode dizer a mesma fala e parecer bastante ameaçador. Então eu forneci muitas variações ao Stallone e ao Simon, o diretor, mas sem passar do limite da realidade”.
“Se você exagera e vai longe demais, vira piada, e você não pode fazer isso em ‘Os Mercenários’, porque o Stallone leva o filme meio a sério.”
Van Damme conhece Stallone há décadas, mas nunca trabalhou com ele até este filme, apesar de terem chegado perto no primeiro “Os Mercenários”. O ator belga pinta um quadro vívido de Stallone no trabalho, supervisionando a sequência de peso –que ele coescreveu, após escrever e dirigir o primeiro filme –ao mesmo tempo que interpretava com “seus rifles, suas pistolas e suas facas”, e lutava de modo bastante convincente.
“Esse homem –que já passou dos 65, tem um corpo de 40 e a mente de um criador, o que significa que ela não tem idade– está realmente imerso em ‘Os Mercenários’. Você acreditaria que ele era realmente um Mercenário durante as filmagens de ‘Os Mercenários 2’. Ele demorava uma semana para sair do papel, para voltar a ser normal. É um grande segredo da representação, e ele tem isso.”
“Eu adoro o cara. Eu realmente adoro, do jeito que ele é. Ele me ensinou sobre cinema, como recuperar meu amor pelo trabalho, como ser mais confiante em minha inteligência. Ele também me ensinou sobre como me comportar fora das telas, com o público, e como não me abrir demais, como ele fez no passado, até se machucar.”
Velhos amigos
Van Damme se encaixa perfeitamente em “Os Mercenários 2” e Stallone estava longe de ser o único rosto familiar que ele viu no set. Por exemplo, quando Van Damme chegou aos Estados Unidos, ele treinou e foi sparring de Chuck Norris, assim como fez uma ponta breve, sem crédito, em “Braddock - O Super Comando” (1984). Ele e Lundgren trabalharam juntos em “Soldado Universal” e suas sequências, incluindo o futuro “Soldado Universal 4”, que também conta com Scott Adkins, que interpreta o braço direito de Vilain em “Os Mercenários 2”.
VEJA TRAILER LEGENDADO DE "OS MERCENÁRIOS 2"
“Sim, é verdade que trabalhei com Chuck”, confirma Van Damme. “É verdade que me encontrei com Arnold em algumas ocasiões e estive em ‘O Último Grande Herói’ (1993). Em ‘O Predador’ (1987), nós treinávamos pela manhã, ele com halteres e eu com meus alongamentos. Eu me orgulhava porque ele era um dos meus heróis.”
“Stallone... quando eu assisti ‘Rocky, um Lutador’ (1976), eu corria imaginando ser ele. Todas essas pessoas estavam lá em ‘Os Mercenários 2’, e eu ia de um trailer ao outro e, graças a Deus, eles abriam suas portas para mim. Havia muita amizade no set, e pude conversar com todos eles.”
Carreira
Van Damme nunca parou de trabalhar, apesar de alguns de seus filmes não terem sido lançados nos Estados Unidos ou terem saído diretamente em DVD. Ele recebeu muitos elogios por “JCVD” (2008), uma paródia onde ele interpreta uma versão fictícia de si mesmo, um astro de ação em decadência com problemas familiares e com drogas. A esperança de Van Damme é que “Os Mercenários 2” resulte em boas oportunidades semelhantes e também chame mais atenção para seus outros projetos completos, incluindo a comédia “Welcome to the Jungle”, o já citado “Soldado Universal 4” e “Soldiers”, um filme de ação que Van Damme estrelou, escreveu, produziu e dirigiu.
Terry Crews em cena de "Mercenários 2"
“Quando você faz muitos filmes, você entra em muitos personagens e experimenta vidas diferentes, verdades diferentes, texturas e aromas diferentes, tudo. Ao voltarmos a ser nós mesmos, quando sentimos falta deles, que conhecemos de cor, nós roubamos um pouco de cada papel, um pouco desse sentimento de ser outra pessoa. Esse é o motivo para os astros de cinema terem dificuldade de permanecer em casa aguardando por novos papéis.”
“Mais do que isso, se o filme faz sucesso, é bem divulgado e ganha bastante exposição, então o astro de cinema recebe muito amor do público. Agora, quando um filme fracassa, você não tem ideia da dor e do sofrimento, do que é a queda para um homem que foi amado por milhões de pessoas.”
“Quando você pisa na bola, seja o que for –drogas, um caso amoroso, arrogância ou ser incapaz de desfrutar o sucesso– seja qual for o erro, é o pior. Sentir falta do amor do público... todo mundo sente falta do amor, sentir o amor das pessoas do mundo.”
“Agora eu estou voltando a essa vida”, conclui Van Damme. “A vida é estranha. O mais importante é amar as pessoas e, com sorte, as pessoas me amarem. Isso é tudo o que eu quero das pessoas. Essa é a minha esperança."
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