Antes da figura "loser" se tornar o centro das comédias, os Irmãos Coen criaram o "Dude"

“O Grande Lebowski" foi pioneiro ao trazer para os cinemas o homem moderno. Não aquele das revistas, metrossexual, saudável, que se preocupa com a natureza. Aquele que existe e, muito provavelmente, está ao seu lado.

Muito antes de cineastas como Judd Apatow e Todd Phillips tornarem a figura do "loser" o centro das comédias de maior bilheteria do cinema americano, Ethan e Joel Coen, ou apenas irmãos Coen, criaram o "Dude". O personagem interpretado por Jeff Bridges em "O Grande Lebowski" é, por falta de termo melhor, um vagabundo. Vai ao boliche com os amigos, ouve música, fuma maconha, bebe o drinque White Russian e passa o tempo. Sem grandes causas a defender, sem se preocupar com nada além de seu próprio mundinho.

Trazendo para o universo brasileiro, é como se fizessem um filme celebrando o estilo de vida daquele cara que vai ao bar beber com os amigos de camisa regata e bermuda, depois assiste um jogo de futebol na TV e passa boa parte do tempo dormindo.

E, para completar, o filme ainda coloca esse sujeito comum de vida banal no meio de uma situação extraordinária. Entre bandidos e ricaços, Lebowski conta com a ajuda de seu parceiro Walter, melhor papel da carreira de John Goodman.

A soma de bons atores, identificação com o espectador e uma trama gostosa de acompanhar rendeu ao filme a fama de cult. O protagonista chegou até a inspirar a criação de uma religião que segue seus ideais, "The Dudeism".

"The Dude" dificilmente sairia de casa para assistir o filme de uma mostra de cinema. Mas você estaria cometendo um erro se seguir seu exemplo nesse caso. "O Grande Lebowski" é um filme imperdível e deve constar na lista de filmes assistidos de qualquer cinéfilo de respeito.

* Matheus Souza é o diretor dos filmes "Apenas o Fim" e "Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida"