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"Dançando no Escuro" inspirou atriz que canta o sofrimento em filme exibido em Gramado

Cena de "O Que Se Move", de Caetano Gotardo, que concorre entre os longas nacionais em Gramado - Divulgação
Cena de "O Que Se Move", de Caetano Gotardo, que concorre entre os longas nacionais em Gramado Imagem: Divulgação

Mariane Zendron

Do UOL, em Gramado (RS)

16/08/2012 16h50

O filme “O que Se Move”, exibido no Festival de Gramado na noite desta quarta-feira (15), foi o que mais exigiu a concentração do espectador até agora. Dirigido por Caetano Gotardo, o longa retrata o sofrimento de três mães, que tentam lidar com a perda. Apesar de o título sugerir o movimento, o filme conta com muitas cenas em que a ação é colocada de lado para dar lugar aos sentimentos das personagens frente às suas tragédias.

Em conversa com jornalistas na tarde desta quinta (16), em Gramado, o diretor Caetano Gotardo explicou que o tempo estendido das cenas foi essencial para que ele pudesse dar a dimensão do que acontece ao redor de uma situação extrema. “Quando algo extremo acontece, a gente coloca uma lupa nas situações cotidianas, que estão ao redor do ponto principal”, disse o diretor de 31 anos.

Para escrever sobre as três histórias do filme, o diretor se inspirou em três fatos reais, noticiados no início do ano 2000. Apesar de não estarem interligadas, as histórias criam uma unidade por colocarem as mães como as protagonistas.

Nos três enredos, as mulheres também cantam sobre esse sofrimento, o que faz o espectador fazer uma relação com “Dançando no Escuro” (200), de Lars von Trier, estrelado pela cantora Bjork. Como o filme não tem narrador e os diálogos são pontuais, as músicas ajudam a explicar o que os personagens estão pensando e como as tragédias aconteceram. “Queria que as músicas fizessem o filme descolar do realismo puro”, disse. A atriz e cantora Andrea Marquee confirmou que se inspirou no filme de Lars Von trier. “Tratei o texto da canção como complemento da narrativa. Foi uma cena lírica que explicava o que as outras cenas ainda não haviam relatado”, disse ela.

Para chegar à solução dramatúrgica, o diretor contou com a ajuda de Marco Dutra e Juliana Rojas, diretores de “Trabalhar Cansa”. Integrantes do coletivo paulistano Filmes do Caixote, os três trabalham juntos e se revezam na direção dos filmes.  Em “O que se Move”, Rojas cuidou da montagem do longa, enquanto Dutra assumiu a trilha sonora.

A produtora Sara Silveira disse que a dificuldade está em distribuir o filme, problema muito comentado por outros produtores em Gramado. “Antes eu dizia para as empresas que era um filme extremamente violento, mas a verdade é que ele tem uma violência delicada. Como explicar isso que um longa tem uma violência?”, desabafou ela. Mesmo assim, ela disse que já está em negociações com duas distribuidoras.