Objeto de culto entre fãs, "O Grande Lebowski" tem até religião com 150 mil seguidores
"O Grande Lebowski", filme de 1998 dos irmãos Coen que será exibido nesta quinta-feira (16), às 19h, no Cinesesc, em São Paulo, virou objeto de culto, literalmente: 150 mil pessoas já foram "ordenadas" no "Dudeism", religião baseada no protagonista do longa, Jeffrey Lebowski (Jeff Bridges), conhecido como "The Dude" (o cara, em português). Depois de viajar o mundo por dez anos e estudar yoga, budismo e artes marciais, Oliver Benjamin, o fundador da religião, conta que nunca havia encontrado a iluminação que buscava até ver "Lebowski".
"Tudo que era 'religioso' ou 'espiritual' era tão irracional e baseado em ideias antigas que desisti de tentar achar alguma coisa. Aí, assisti a 'O Grande Lebowski' e vi que ele tinha o melhor da filosofia de todas as religiões." "Decidi investigá-lo e ver o que ele tinha que atraía tanta gente, e descobri que o 'Dudeism' é muito próximo do Taoismo. É como uma versão moderna dele", explica, em entrevista ao UOL.
A maioria dos meus amigos achou que eu fiquei louco de abrir uma religião
Oliver Benjamin, sobre a criação do "Dudeism"Lebowski, um maconheiro desempregado e fã de boliche, começou a ser admirado por suas falas no filme, que pregam um modo "relaxado" de viver. Ele é confundido com um milionário que tem o mesmo nome e entra na investigação do desaparecimento de uma mulher.
Auto-intitulado "The Dudely Lama" (uma brincadeira com o nome de Dalai Lama), Benjamin, um jornalista norte-americano que mora em Chiang Mai, na Tailândia, resolveu fazer um website da religião em 2005. O projeto começou a ganhar força em 2009, e hoje ele vive somente de rendimentos do site: "A vida na Tailândia é barata, então não preciso ganhar tanto dinheiro".
Ele conta que a recepção da religião sempre foi boa e que nunca foi criticado por outras religiões. Já seus amigos não aceitaram tão bem o "Dudeism": "A maioria deles achou que eu fiquei louco de abrir uma religião", diz. Para o "Dudely Lama", as pessoas são infelizes porque há muita pressão para se conseguir o sucesso. "Achamos que, se as pessoas deixarem as questões materiais em segundo plano e simplificarem suas vidas, elas serão mais felizes. Mas isso não é fácil", opina.
O site reúne fãs do filme que se tornaram seguidores da religião, que não tem deus, rituais, orações ou mesmo uma sede física, embora haja planos de construção de igrejas "para logo", salienta o líder. Embora os diretores e o elenco do longa nunca tenham se interessado muito pela religião, Benjamin tem esperança de um dia atrair o ator Jeff Bridges para seu rebanho. "Ele segue o Budismo, então espero que um dia a gente possa se encontrar para tomar alguns 'white russians' [drinque tomado por Lebowski no filme] e conversar sobre assuntos profundos."
Há alguns brasileiros "dudeístas", mas maioria ainda é de norte-americanos e ingleses. "Não é tão fácil traduzir 'O Grande Lebowski' para outras línguas, e é uma pena, porque os diálogos são incríveis", lamenta.
Muitos fiéis, conta Benjamin, chegaram ao site pela "filosofia" do longa e não chegaram a ver o longa. Por conta disso, ele espera que a religião vá além do culto ao filme: "Esperamos conseguir ir além da discussão do filme, no futuro. O 'Dudeism' sempre esteve na história e na cultura humana. Acho que ele existe desde o começo da civilização. Mesmo que 'O Grande Lebowski' seja o melhor veículo para essa filosofia, há muitos outros exemplos que pudemos usar para definir nossa religião", diz.
Além da religião, o culto ao filme ganhou um documentário "The Achievers: The Story of the Lebowski Fans", um festival, um projeto de documentário ("The Way of the Dude") e uma série de estudos acadêmicos, publicados no livro "The Year's Work in Lebowski Studies". Houve boatos de que o filme ganharia uma continuação, mas eles nunca foram confirmados.
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