"Sessão de cinema é sagrada", diz diretor de filme interrompido por falha no áudio
O diretor Kleber Mendonça Filho finalmente conseguiu cumprir a missão de apresentar seu filme “O Som ao Redor” no Festival de Gramado, na tarde desta sexta-feira (17). A produção, que compete na categoria longas-metragens nacionais, deveria ter sido exibida na noite desta quinta (16), mas uma falha nas caixas de som do Palácios dos Festivais fez com que a sessão fosse suspensa e reprisada nesta sexta. Ao UOL, o diretor lamentou o ocorrido. “Sessão de cinema é sagrada, mas falhas acontecem. O bom é que os organizadores foram respeitosos”, disse ele.
Cena do filme "O Som ao Redor", de Kleber Mendonça Filho
Após a exibição completa do longa, diretor e equipe conversaram com jornalistas no início da tarde desta sexta. “O Som ao Redor” retrata a classe média de Recife e como ela lida com o medo da violência, que é o mesmo em qualquer grande cidade brasileira. Antes de ser finalizado, o filme chegou a chamar “Histórico de Violência”, mas o diretor mudou de ideia e optou por um nome mais poético.
A produção tem um lado político evidente que, segundo o diretor, vem da formação acadêmica de sua mãe, que estudou a abolição da escravatura e como a sociedade não estava preparada para receber os negros recém-libertos. “A sociedade é extremamente racista, mesmo sem dizer essa palavra. Queria passar isso no filme”, disse ele. Também o motivou a fazer a mudança da posição das classes mais baixas no Brasil nos últimos anos. “Nunca fui petista, mas eu sinto que o governo Lula mudou a maneira como as classes mais baixas se veem. Elas ganharam um pouco mais de respeito”.
Apesar de se interessar pelas questões sociais, Mendonça disse que só o realismo social não o motivaria a realizar o longa, Por isso, “O Som ao Redor” tem um pé no terror. “O terror e o medo fazem parte de nossa vida no Brasil. Somos treinados para ter medo. Por isso, o longa tem o elemento do terror, mas sem cruzar a linha. É pisar na linha e voltar um pouco”.
O ator Irandhir Santos, que ficou famoso pela sua participação em “Tropa de Elite 2” (2010), como o deputado Fraga, também comentou sua atuação no longa, como o vigia de rua Clodoaldo, que aparece para supostamente proteger o bairro retratado. “É muito difícil estar do outro lado do muro, me senti isolado. Ao mesmo tempo em que ele vigia, também se sente vigiado porque todas as janelas estão voltadas para ele”.
Feito com um orçamento de R$ 1,8 milhão, o filme levou o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci), no Festival de Roterdã 2012, e participou de outros 12 festivais internacionais.
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