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Documentário dirigido por Pedro Bial encerra competição do 40º Festival de Gramado

Cena de "Jorge Mautner - O Filho do Holocausto", de Pedro Bial e Heitor D"Alincourt, que concorre entre os longas nacionais - Divulgação
Cena de "Jorge Mautner - O Filho do Holocausto", de Pedro Bial e Heitor D'Alincourt, que concorre entre os longas nacionais Imagem: Divulgação

Mariane Zendron

Do UOL, em Gramado (RS)

18/08/2012 18h42

O filme “Jorge Mautner – O Filho do Holocausto” – que fechou a mostra competitiva de longas-metragens nacionais do 40º Festival de Gramado, nesta sexta (17) – retrata parte da história do escritor, compositor e cantor que antecipou a onda tropicalista pela qual o Brasil passaria no final dos anos 1960.

Dirigido por Pedro Bial (que não compareceu a Gramado em razão das gravações do programa “Na Moral”) e Heitor D’Alincourt, o longa parte da infância do garoto judeu cujos pais fugiram do nazismo na Europa durante a 2ª Guerra Mundial. A ascendência do artista serviu de norte para o documentário, explicou D’Alincourt. “Era necessário um esteio para a gente não se perder porque a obra do Jorge é muito grande. Seguimos o roteiro daquele garoto que quis ser Jorge Mautner quando crescesse”. Segundo o diretor, a vida do Jorge Mautner renderia uns 10 filmes. “Usamos como referência o livro dele, ‘O Filho do Holocausto’, em que narra a chegada dos pais ao Brasil. Ali, encontramos todas as referências do artista quando jovem”.

Entrevistados para o documentário, Gilberto Gil e Caetano Veloso ajudam a contar a história do artista e sua aproximação da Tropicália. O filme também conta com fotos e vídeos raros da Cinemateca Brasileira e do Centro de Documentação da TV Globo (CEDOC). A narrativa é intercalada com apresentações de músicas de Mautner, gravadas especialmente para o documentário, entre elas "Maracatu Atômico", "Lágrimas Negras" e "Vampiro".

Amora Mautner
Um dos momentos mais marcante do documentário não é musical, mas familiar. A filha de Jorge Mautner, Amora Mautner, dá um depoimento muito sincero sobre o preço que pagou por ser filha de um artista excêntrico. Em um encontro com o pai, Amora diz que sofreu na escola por causa de seu nome, que nada tem a ver com a fruta. Segundo Mautner, o nome representa o feminino da palavra “amor”. “Por isso, coloquei o nome da minha filha de Julia”, diz ela em uma das cenas.

Os dois ainda protagonizam uma conversa divertida sobre psicanálise. “Você andava pelado pela casa e minha terapeuta disse que isso poderia ser prejudicial a mim.”, contou a diretora de televisão às gargalhadas. “Comecei a fazer terapia aos 7 anos, o que me ajudou muito a organizar minha infância”. O artista ouvia e concordava com todos os pontos sinalizados pela filha e concluiu que também faz terapia, mas só por causa da pressão pública.