Matthew McConaughey diz entender motivações de assassino que interpreta em "Killer Joe"
“Eu acho que compreendo esse cara. Acho que entendi imediatamente quem ele era. O problema era o caminho que ele percorria… como caminhar com ele”, disse ao UOL Matthew McConaughey, o Killer Joe do título do mais novo filme do veterano e premiado diretor de “O Exorcista” (1972) e “Operação França”, William Friedkin. Mais uma vez adaptando uma peça do ator e dramaturgo Tracy Letts (cujo texto servira de base a “Possuídos”, de 2006), Friedkin fez um filme hiperviolento sobre uma família, nas suas palavras, “altamente disfuncional, que só se consegue se comunicar de um modo extremo, físico e violento”.
A família em questão é o filho Chris (Emile Hirsch) e sua irmã Dottie (Juno Temple), o pai Ansel (Thomas Haden Church) e a madrasta Sharla (Gina Gershon), todos vivendo num trailer num bairro pouco recomendável de Dallas, no Texas.
Quando Chris se vê numa enrascada de dinheiro com traficantes, ele e o pai elaboram um “plano infalível” para não apenas pagar a dívida, mas render uma grana adicional para a família: matar a mãe dos irmãos, primeira mulher de Ansel, de um modo que pareça um acidente, para que os filhos possam receber uma bolada do seguro de vida.
Para tal fim Chris e Ansel contratam Killer Joe (McConaughey, um policial que também faz biscates como assassino de aluguel). Joe aceita a tarefa, mas pede um pagamento adiantado: a bela e inocente Dottie, para uma noite de prazer.
Obviamente as coisas vão de mal a pior, com fartas doses de sangue, violência (e chuva). Doses tão fartas que impediram, nos Estados Unidos, a expansão de “Killer Joe” para um número maior de telas nos dias seguintes ao atentado que matou 12 pessoas e feriu outras 50 num cinema de Aurora, Colorado.
Friedkin não se desculpa pelas escolhas estilísticas que fez em “Killer Joe”: “Não tomo essas decisões gratuitamente – eu tomo essas decisões baseadas no texto, no material. E pelo mesmo motivo tenho que escolher o limite, o ‘basta’ no nível da violência. Eu poderia ter ido adiante, mas não fui. Para mim era o necessário para expressar a natureza desses personagens, que são essencialmente violentos. Muita gente vai achar que é demais. É direito deles. O que eu queria era mostrar ao espectador de onde vem a violência, no caso a violência que habita essa família – ela vem de dentro”.
“Meu personagem é obcecado por estruturas”, McConaughey explica. “Ele é obcecado por ordem. Ele impõe regras a seu trabalho absurdo, regras sobre o modo como ele deve ser pago, o palavreado à sua volta, a necessidade de higiene e arrumação. Ele vive tentando impor ordem no caos à sua volta. E é um sujeito absolutamente solitário, sem família, sem amor. Seu estranho caso com Dottie é, na sua cabeça, um modo de encontrar amor”.
E, com toda a violência na tela, McConaughey diz que o set de “Killer Joe” foi “um dos mais cordiais e alegres” de sua carreira. “Eu compreendo que os atores precisam de um bom ambiente de trabalho para se expressarem”, Friedkin explica. “Minha preocupação é que, especialmente com um tema assim, pesado, eles tenham o máximo de prazer e tranquilidade no set”.
McConaughey concorda: “Eu sei, Killer Joe é um tipo pouco simpático. Mas… nossa, como foi divertido fazer esse papel!”
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