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Para diretor de "Spring Breakers", filme é nova visão sobre jovens criados à base de games

Cena do filme "Spring Breakers", do diretor norte-americano Harmony Korine - Divulgação
Cena do filme "Spring Breakers", do diretor norte-americano Harmony Korine Imagem: Divulgação

Neusa Barbosa

Do Cineweb, em Veneza

05/09/2012 11h39

Em um festival em que vários filmes abordaram a religião, caiu como uma virada de rumo a passagem do concorrente ao Leão de Ouro “Spring Breakers”, do norte-americano Harmony Korine.

O consagrado roteirista de “Kids” (1995), dirigido por Larry Clark, mergulha mais uma vez numa crônica doentia de juventude, embalada em sexo e drogas, no caso, de quatro garotas (Selena Gómez, Ashley Benson,Vanessa Hudgens e Rachel Korine) que caem na estrada em busca de férias e aventuras radicais, com o dinheiro que três delas roubaram de uma lanchonete.

Na Flórida, elas caem na farra, vão parar na prisão e são salvas por um misto de rapper e traficante bandidão, Alien (James Franco, com um visual de penteado rastafári e um mega-aparelho metálico cobrindo seus dentes). E, a partir daí, sua vida bandida tem um upgrade de violência, exceto por Faith (Selena Gómez), que prefere voltar para casa.

Na coletiva do filme, Selena, namorada de Justin Bieber e estrelinha da produção Disney “Hanna Montana”, comentou que sua retirada da parte mais pesada da história – que envolve cenas de sexo e assassinatos a tiros – teve a ver com sua vontade de não aparecer neste tipo de cena. “Seria chocante para meus jovens fãs. Além disto, não me senti preparada. No futuro, quando eu estiver pronta, farei outros tipos de filme”, admitiu.

Retrato de geração TV

O diretor Hamrony Korine contou que a imagem que deu a partida em sua imaginação para escrever a história foi a de “garotas de máscara, de biquíni, assaltando numa praia”- Essa imagem, aliás, permaneceu no filme: suas heroínas aparecem de máscaras cor-de-rosa e armas em punho. Para o diretor, “havia algo de icônico nisto”.

Houve perguntas sobre se o roteiro teve alguma inspiração na banda feminina russa Pussy Riots – que fazem oposição ao presidente Vladimir Putin e estão neste momento presas em seu país. Korine, no entanto, descartou: “Escrevei meu roteiro há um ano, não havia essa história do Pussy Riot”.

O diretor também não acha que seu filme, apesar de colocar em evidência personagens femininas, não é apenas sobre elas. “Meu filme é sobre garotas, sim, mas também sobre meninos, sobre a nova geração”, afirmou.

Sem modéstia, Korine declarou que “Spring Breakers” “é uma nova visão sobre jovens criados à base de televisão e videogames”. Por isso, procurou numa narrativa “mais fluida, num estilo mais sensorial, apostando mais em sons e imagens do que em palavras”.

Britney Spears

Apesar de ser o ator mais experiente e famoso presente na mesa, James Franco (“127 Horas”) pouco falou. Apenas comentou, em tom de brincadeira, como fez a cena em que canta músicas de Britney Spears (um dos poucos momentos realmente engraçados e relaxados do filme): “Pratiquei a canção no meu trailer e as garotas me ajudaram”, contou, rindo.