"Os vampiros são os últimos seres mitológicos", diz Neil Jordan
Neil Jordan dirigiu filmes importantes dos anos 1990, como “Traídos pelo Desejo”, “Michael Collins” e “Fim de Caso”. Ele deu uma diminuída de ritmo nos primeiros dez anos deste século e dedicou-se à televisão de 2011 para cá, como criador de “Os Bórgias”. Com “Byzantium”, uma pequena produção sobre duas vampiras feministas, faz seu primeiro longa-metragem desta década. Numa casa noturna de Toronto que bem poderia ser cenário de filme de vampiro, com seus lustres vistosos e paredes negras, o diretor irlandês falou ao UOL:
UOL: Por que fazer este filme?
Neil Jordan: Gosto de fazer filmes sobre coisas imaginárias. O cinema não tem de ser sobre o mundo real. Não acho que meus filmes sejam realistas. Eles podem ser sobre coisas reais, mas têm mais uma atmosfera de conto de fadas.
Mas por que voltar ao universo dos vampiros, num momento em que há tantos filmes sobre eles?
Minha única hesitação foi realmente essa. Mas eu falei com a roteirista, achei muito interessante porque ela reinventava os vampiros. Essa história é diferente, não tem nada a ver com o Drácula de Bram Stoker.
De onde vem esse fascínio com esse universo dos vampiros?
Quando era criança, eu passava pela casa de Bram Stoker para ir à escola. Para mim, era o lugar mais assustador que poderia existir. Acho que eles são os últimos seres mitológicos. Se você pegar o folclore ídiche, as histórias dos irmãos Grimm ou a mitologia grega, sempre há seres que são metade humanos, metade animais. Os vampiros são os últimos remanescentes dessa tradição.
Por que chamou Gemma Arterton e Saoirse Ronan para os papéis principais?
Vi a Gemma em “O Príncipe da Pérsia”. Nem sei por que assistir a esse filme, mas achei que ela era extraordinária. Foi a única que entendeu aquela bobagem toda. E Saoirse vi em “Desejo e Reparação” e “Hanna”. Falam que ela é uma atriz natural, mas para mim parece bem uma coisa de outro mundo.
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