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"Há algo na história que toca as pessoas", diz dublador de Marlin em "Procurando Nemo"

Pôster brasileiro de "Procurando Nemo 3D" - Divulgação
Pôster brasileiro de "Procurando Nemo 3D" Imagem: Divulgação

Cindy Pearlman

Do Hollywood Watch

14/09/2012 07h00

Albert Brooks, 65 anos, tem uma série de trabalhos como roteirista, ator, diretor e produtor, mas “Procurando Nemo” (2003), que volta às telas dos cinemas de alguns países na sexta-feira (14) em 3D, continua sendo uma experiência única para ele. No Brasil, o filme tem estreia marcada para 12 de outubro.

Brooks deu voz a Marlin, o peixe-palhaço superprotetor e aflito que perde seu filho, Nemo (voz de Alexander Gould), e revira os mares em busca dele com a ajuda de uma cirurgião-patela com memória ruim chamada Dori (voz de Ellen DeGeneres). O filme se transformou em um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos, faturando mais de US$ 850 milhões em todo o mundo.

“Eles não apenas me perguntaram se eu queria fazer o filme”, ele recorda. “Eu fui levado até uma sala de projeção, onde os animadores pegaram uma cena do meu filme ‘Um Visto para o Céu’ (1991) e colocaram meu diálogo na boca de um peixe. Eu fiquei sentado no escuro assistindo aquele peixe falando com um dos juízes da vida em ‘Um Visto para o Céu’ e achei que tinha acabado de tomar algum tipo de droga. Foi algo muito inteligente e fiquei impressionado com aquilo”, lembra.

“Eu fui para casa e contei para minha esposa que eles deveriam refazer todos os meus filmes em formato de animação”, brinca Brooks. “Quem sabe se colocássemos um lagarto interpretando meu papel em ‘Nos Bastidores da Notícia’, apesar de que acho que isso não funcionaria. Lagartos não suam diante do fracasso. Eu acho que teria que ser transformado em um búfalo animado por causa do suor.”

Apesar de sua aparente química com DeGeneres, diz Brooks, os dois nunca trabalharam juntos durante a produção. “Sem problema. Um bom diretor sabe como montar tudo junto, de modo que nem dá para perceber.”

Quanto ao sucesso estratosférico do filme, ele não finge saber explicar. “Aconteceu alguma coisa que foi além do que qualquer um esperava do filme. Francamente, isso acontece uma vez em uma lua azul com qualquer filme. As pessoas me perguntam, ‘Você não sabia que era especial quando estava fazendo?’. A verdade é que ninguém sabia nada. Nós nunca sabemos nada. Na época em que o filme estava prestes a ser lançado, corriam muitas histórias na imprensa. Eu li que a Pixar estava em dificuldades. Eu li ‘Quem vai querer ver esse filme de peixe?’”.

“No final, há algo nessa história que toca as pessoas. O lance a respeito de ‘Nemo’ é que você pode colocar o filme para seus filhos, ficar ouvindo de outra sala e então acaba indo até lá para assistir um pouco, porque funciona. Ele acaba te envolvendo.”

Outros filmes
Após uma carreira em comédia, Brooks interpretou um mafioso impiedoso no sucesso cult “Drive” (2011). Isso, ele diz, levou a algumas expectativas equivocadas em relação ao seu próximo filme, “This Is 40”. Dirigido por Judd Apatow, ele faz o papel do pai do personagem de Paul Rudd na semicontinuação do sucesso “Ligeiramente Grávidos” (2007).

O sucesso no humor stand-up lhe rendeu participações regulares no “The Tonight Show with Johnny Carson”, assim como dois discos de humor de sucesso, “Comedy Minus One” (1973) e “A Star Is Bought” (1975). Ele começou no cinema fazendo curtas metragens para a primeira temporada de “Saturday Night Live”, em 1975, e passou a escrever, dirigir e estrelar em comédias como “Um Romance Moderno” (1981), “Relax” (1985), “Um Visto para o Céu”, “Mãe é Mãe”, “A Musa” (1999) e “Missão Comédia” (2005), assim como a ocasionalmente atuar em filmes de outras pessoas.

É uma carreira longa e variada, ele diz. “Começou com ‘Taxi Driver’ (1976), que foi meu primeiro filme”, diz Brooks, que improvisou grande parte de seu diálogo no filme seminal de Martin Scorsese. “Eu estava empolgado por estar em um filme de verdade. Robert De Niro nunca falou comigo no set. Eu dizia: ‘Bem, ele está vivendo seu personagem e o personagem dele odeia meu personagem’. Então, na festa de conclusão da filmagem, ele também não falou comigo. O que devo achar disso?”

Ele ainda é mais lembrado por sua atuação em “Nos Bastidores da Notícia” como Aaron, o jornalista cerebral que deseja ser âncora, mas engasga quando finalmente tem sua chance.

“A única coisa ruim foi o resultado da minha cena de suor de medo. As pessoas têm tanto medo de suar e ainda associam isso comigo. Eu substituí Louie Armstrong como exemplo de sujeito que sua.”

Brooks vive em Los Angeles com sua esposa, a artista Kimberly Shlain, e seus filhos, Jacob, 14 anos, e Claire, 12. Com 65 anos completados em julho, ele não se importa em dizer que não gosta.

Envelhecer é fortemente desencorajado em Hollywood, relata Brooks. “Não há como lutar contra, porque você não vai vencer. Eu comprei uma daquelas bicicletas de exercício que também exercitam seus braços. Eu detesto, mas tinha que fazer algo”, diz.

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