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Documentários se sobrepõem a ficções no Festival de Brasília; veja lista dos dez melhores

"Kátia", "Era Uma Vez Verônica" e "Um Filme para Dirceu" são alguns dos concorrentes do Festival de Cinema de Brasília - Reprodução
"Kátia", "Era Uma Vez Verônica" e "Um Filme para Dirceu" são alguns dos concorrentes do Festival de Cinema de Brasília Imagem: Reprodução

James Cimino

Do UOL, em Brasília

24/09/2012 14h35

Após seis dias de mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, é possível perceber que os filmes mais fortes e que geraram mais discussão foram os documentários ou os “docudramas”, filmes em que a fronteira entre realidade e ficção não fica completamente definida.

O domingo (24), último dia de exibições na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, trouxe outros dois exemplares dessa tendência: “Elena”, de Petra Costa, e “Esse Amor que Nos Consome”, de Allan Ribeiro. Ambos emocionaram a plateia presente às exibições e entraram para a lista de dez filmes que se destacaram elaborada pela reportagem do UOL. Veja a lista e confira o resultado da premiação na noite desta segunda (24):

OS 10 FILMES QUE FIZERAM O FESTIVAL DE BRASÍLIA

"ELENA"

O longa concorre na categoria documentário
e trata da corajosa viagem da diretora e de
sua mãe a Nova York em busca de desvendar
(e exorcizar) o suicídio de sua irmã Elena.

Com imagens reais de vários momentos da
infância e da adolescência das protagonistas,
uma agenda de telefones de 1990, além de
trechos do diário e de fitas K7 gravadas
pela irmã, o filme leva o espectador a uma
viagem de reencontro com o passado que,
contada em primeira pessoa, emociona pelo
tom poético e pictorial com que a narrativa
se desenvolve.

Leia a crítica
Assista ao trailer

"ESSE AMOR QUE NOS CONSOME" 

Embora concorra na categoria longa metragem de ficção, o filme é quase um documentário que conta a história da companhia de dança carioca Rubens Barbot, cuja sede foi destruída em um incêndio há dois anos.

A narrativa se passa após esse incêndio e mostra Barbot e seu companheiro de vida de 40 anos, Gatto Larsen, mudando-se para um casarão abandonado no centro do Rio, que embora lhes tenha sido cedido pelo proprietário, está à venda. Em meio a essa existência aparentemente sem certezas, a companhia desenvolve alguns espetáculos teatrais.

Assista ao trailer.

"UM FILME PARA DIRCEU"

O documentário de Ana Johann mostra a
saga de Dirceu Cielinski, um gaiteiro com
dificuldades motoras do interior de Santa
Catarina que sonha em fazer um filme e,
com isso, se tornar famoso.

Enquanto relata em detalhes o difícil processo
de se realizar um longa metragem, a narrativa
leva o espectador a ter contato com a cultura
dos pequenos agricultores descendentes de
poloneses e alemães do Sul do país.

Leia a crítica.
Assista ao trailer

"ELES VOLTAM"

Esta ficção de Marcelo Lordello conta a história da menina Cris (Maria Luiza Tavares). Após uma briga com o irmão dentro do carro, seus pais resolvem abandoná-los na beira da estrada para lhes dar uma lição.

O irmão sai em busca de ajuda e também não retorna, o que obriga Cris a traçar seu próprio caminho de volta a sua casa e, durante o processo, amadurecer.
"A CIDADE"

Concorrente na categoria documentário
de curta metragem, esse filme da diretora
gaúcha Liliana Sulzbach conta a história
de Itapuã, no Rio Grande do Sul.

A vila, que já foi habitada por quase 1.500
pessoas, hoje tem apenas 35 habitantes,
todos com mais de 60 anos, que por motivos
a serem revelados no filme nunca sairão de lá.
"KÁTIA"

De Karla Holanda, o documentário de longa metragem mostra a vida de Kátia Tapety, a primeira travesti a ser eleita para um cargo político no Brasil.

Moradora do interior do Piauí, Kátia conta, por meio do filme, como superou o drama de ser condenada pelo pai a não estudar e se tornou a cidadã mais popular da pequena Colônia do Piauí.

Leia entrevista.
Assista ao trailer.
"A MÃO QUE AFAGA"

Essa farsa ficcional de curta metragem
dirigida pela baiana Gabriela Amaral
Almeida foi um dos filmes que mais arrancou
risos da plateia, embora o tom da narrativa
não seja necessariamente de comédia.

O filme conta a história de uma operadora de telemarketing que, embora converse com
“mais de 200 pessoas por dia”, é incapaz
de desenvolver uma comunicação efetiva
com outras pessoas no âmbito pessoal.

Leia crítica.  
"BOA SORTE, MEU AMOR"

A narrativa não linear do diretor estreante Daniel Aragão é um dos destaques na categoria longa de ficção. O filme, com uma impecável fotografia em preto e branco e uma trilha sonora primorosa, conta a história de Dirceu (Vinicius Zinn), um herdeiro da aristocracia latifundiária pernambucana que se apaixona por Maria.

Interpretada pela carioca Christiana Ubach, que impressionou a crítica ao viver uma pernambucana com sotaque perfeito, a musa de Dirceu é uma aspirante a pianista que, embora se envolva com o protagonista, não consegue se encaixar em suas aspirações de vida.

A conturbada relação dos protagonistas (que o diretor classifica como um “antirromance”) obriga Dirceu a se confrontar com suas origens. 

Assista ao trailer.
"DOMÉSTICA"

Concorrente na categoria longa documentário,
o filme é um dos fortes concorrentes ao
Troféu Candango pelo retrato antropológico
que faz das relações trabalhistas das
empregadas domésticas do país e pela
forma inovadora como foi produzido.

Dirigido pelo pernambucano Gabriel Mascaro,
o filme foi feito com base nos relatos e
filmagens de adolescentes de escolas
públicas e particulares de todo o país.
"ERA UMA VEZ EU, VERÔNICA"

Classificado pelo diretor Marcelo Gomes como “um ‘Shame’ sem vergonha” (em referência ao filme em que Michael Fassbender vive um homem ninfomaníaco), o longa de ficção conta a história de Verônica, em mais uma interpretação tocante de Hermilla Guedes, que deve levar o prêmio de melhor atriz.

Médica psiquiatra recém-formada, Verônica vive a contemporânea crise do jovem que ascendeu profissionalmente muito cedo e, mas que não amadureceu emocionalmente. Quando entra em crise, Verônica descarrega a tensão no sexo, o que a torna incapaz de se envolver com Gabriel (João Miguel), um homem que quer ter uma relação estável com ela.

Leia entrevista com o diretor
Assista ao trailer.

 

*O repórter James Cimino viajou a convite da organização do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.