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Longa adaptado da obra "Meu Pé de Laranja Lima" comove público no Festival do Rio

O diretor Marcos Bernstein (à esq) e os atores José de Abreu e Caco Ciocler posam para fotos antes da exibição do filme "Meu Pé de Laranja Lima" (29/9/12) - Felipe Assumpção/AgNews
O diretor Marcos Bernstein (à esq) e os atores José de Abreu e Caco Ciocler posam para fotos antes da exibição do filme "Meu Pé de Laranja Lima" (29/9/12) Imagem: Felipe Assumpção/AgNews

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

30/09/2012 09h01

O longa adaptado da obra “Meu Pé de Laranja Lima” escrito por José Mauro de Vasconcellos, ganha mais uma versão para o cinema de Marcos Bernstein e emocionou o público, na segunda noite (29), na mostra competitiva da Première Brasil do Festival de Cinema do Rio, no Cine Odeon.

No elenco, José de Abreu vive o Manuel Valandarez, conhecido como “Portuga”, e contracena com o ator mirim João Guilherme Ávila, de 10 anos, que interpreta Zezé, de família pobre no interior de Minas Gerais. Zezé é um espoleta e criativo menino que encontra um refúgio no seu pé de laranja lima para inventar suas histórias.

A sessão de 97 minutos terminou mais de meia noite e comoveu a plateia que assistia a pré-estreia. “Chorei quando vi o filme, na filmagem e quando lia o roteiro”, admitiu José de Abreu na saída da sessão.

Esta noite foi a primeira vez que muitos atores e membros da equipe de filmagem viram o longa editado pela primeira vez. “Eu entrei no barato do filme. Esqueci que estava no filme e virei espectador”, disse o ator que vive o Nilo na novela "Avenida Brasil" da Rede Globo.

Neste caso, o portuga virou um grande amigo de Zezé que, por ser arteiro, superava os maus tratos e aos espancamentos do pai em casa.

Ator-mirim é revelação

  • Em "Meu Pé de Laranja Lima", Zezé vive com sua família pobre no interior e seu esporte favorito é transformar sua casa e a vizinhança em cenário para suas traquinagens. Seu refúgio preferido é um pé de laranja-lima, com quem desabafa as coisas ruins e comemora uma boa novidade

A experiência de contracenar com o ator-mirim que protagoniza o filme foi positiva, para José de Abreu: “João é muito bom, a gente ficou super amigo. Ensaiamos bastante. Foi um trabalho difícil para ele e para mim também, sofri demais. É muito difícil conviver com esse nível de violência”, contou o ator.

O menino revelação do filme é o paulista João Guilherme de Ávila Costa, 10 anos, que diz sempre ter gostado de filmes de aventura. “Eu adoro ver filmes e aceitei na hora o convite. Minha família inteira me acompanhou nas filmagens. Vai ser a primeira vez que eu vou me ver na tela de cinema, estou muito ansioso, desde hoje de manhã”, brincou João aos jornalistas. “Nunca tinha vivido isso antes e não imaginava que faria algo parecido. Esse é o meu primeiro filme e é a primeira vez que eu trabalhei com um ator famoso”, contou João ao tentar acostumar-se com os flashes no tapete vermelho na entrada do Cine Odeon.

Marcos Bernstein explica os desafios para adaptar uma obra conhecida mundialmente em mais de 19 países. Da concepção do filme até a sua finalização foram quase dez anos de trabalho.

Com um orçamento de cerca de R$ 3 milhões, o filme foi rodado em duas etapas entre 2010 e 2011 no pólo de cinema de Cataguases, Leopoldina e na região no entorno de Minas Gerais.

Bernstein já dirigiu “O Outro lado da Rua” (2004), vencedor de cerca de 20 prêmios nacionais e internacionais, e do documentário “A Era dos Campeões” (2011), que competiu no Festival do Rio 2011. Ele também escreveu roteiros de filmes como “Central do Brasil” (1998), “Chico Xavier” (2010), “Zuzu Angel” (2006). Este é o seu segundo longa-metragem de ficção como diretor.

Novo olhar sobre a adaptação
Para o público ansioso em ver o longa na telona, Bernstein admitiu ter se encantado com o projeto e que “Meu Pé de Laranja Lima” nunca foi visto, apenas por um grupo muito restrito de pessoas.

“Agora ele vai ser mostrado na nossa cidade. Esse momento se torna mais especial. É um projeto de paixão. O filme fala sobre o poder da amizade, do carinho, do afeto e também da superação. Que o filme consiga passar essa inebriante sensação do poder da imaginação e da criatividade”, anunciou o realizador.

O diretor garante que o longa não foi feito apenas para o público infantil. “É um filme de família, que tem um diálogo direto com os adultos, pessoas que vão rever sua infância e lembrar seu momento de criatividade. O filme fala da infância e comunica com as crianças de todas as idades”, explicou.

Apesar de ter sido lançado no final da década de 60, a obra continua emocionando e é vendida em mais de 14 países, sento adotado até por escolas francesas.

“É um livro muito querido e muito lido. No filme, a gente teve a possibilidade de dar o nosso olhar, o nosso ponto de vista. A gente teve a liberdade de pegar o espírito do livro e do personagem e botar o nosso olhar”, explicou Bernstein em entrevista.