Maitê Proença empresta sua casa para filme repleto de afeto de Domingos Oliveira
Em “Primeiro dia de um ano qualquer”, Domingos Oliveira reúne amigos em filme de baixo orçamento para celebrar o primeiro dia do ano onde tudo acontece entre conflitos, amores e desamores, reflexões sobre a vida, dinheiro e profissão. A ideia de fazer o filme surgiu num fim de semana no final de 2011, quando Domingos passou com a amiga e atriz Maitê Proença, em sua casa na Região Serrana, no Rio de Janeiro. E a locação seria lá mesmo, numa bela mansão nas montanhas com um jardim projetado por Burle Marx e com capacidade para abrigar os 22 atores do elenco.
Ainda sem previsão para ser lançado, o longa de 85 minutos foi exibido pela primeira vez na noite deste domingo (30), no Cine Odeon, dentro da mostra competitiva do Festival do Rio. “Eu me sinto muito confortável trabalhar com ele, basta dizer que eu abri a minha casa. Foi tudo dentro da minha casa. A gente foi escrevendo junto. Ele sabe misturar amor com graça, com risada sem ficar piegas ou raso. Tem uma densidade”, comentou Maitê ao UOL.
“Esse filme tem uma coisa de muito especial, mostra a amizade. Fizemos um filme rico com pouco orçamento. É comovente encontrar amigos”, disse Domingos Oliveira. Segundo define o próprio realizador e roteirista de 76 anos – que já dirigiu mais de 10 filmes como “Todo Mundo Tem Problemas Sexuais” (2008) e “Carreiras” (2006) e roteirizou mais de 15 filmes – este longa é de “Baixo Orçamento, Alto Astral e Alta Ambição Artística”.
O longa foi gravado durante o Carnaval deste ano utilizando os diversos cômodos da casa e as áreas externas da piscina, da sauna e dos jardins. “[Domingos] tem esse hábito de trabalhar com amigos. A gente fez tudo junto, criou-se o roteiro a partir de histórias que a gente resolveu incluir. Domingos costurou com a genialidade que só ele tem”, disse Maitê. Para a atriz e amiga do diretor, o filme é repleto de relações de afeto. “Só tem amigos na equipe e no elenco. É um filme que as pessoas vão passar o Réveillon juntas com toda a lavação de roupa suja, afetos e amores”, afirma.
No roteiro, histórias que podem ser reais mas não óbvias
Tudo acontece entre as 6h da manhã do primeiro dia do ano até às 18h, no entardecer. O filme se passa na casa de campo da atriz Consuelo Castilhos (vivida por Maitê Proença), onde as irmãs Laura e Raíra (Dedina Bernardelli e Priscilla Rozenbaum), uma bem casada e a outra vivendo conflitos com o marido mulherengo, disputam a quem pertence a tarefa de cuidar de um pai velho. O multimilionário Omar Habib (Orã Figueiredo) acredita que a felicidade é o ócio sem culpa. Ele começa um flerte com uma jovem empregada da casa de Consuelo, esposa do jardineiro. Consuelo, por sua vez, desconfia de que seu jovem namorado tenha um caso com sua própria filha. O primo de Consuelo, Augusto (Ricardo Kosovski), foi abandonado pela esposa que lhe levou o filho por um motivo inconfessável. Ney Matogrosso faz uma participação especial como Yan, um grande cantor popular que não queria mais cantar. E o próprio Domingos Oliveira que vive Napoleão, um escritor de 70 e também narrador do filme. Casado com Lulu, 30 anos mais jovem que ele, Napoleão é cheio de certezas e Lulu (Sara Antunes), por sua vez, de dúvidas.
Na lista de convidados para a pré-estreia, mais amigos de Domingos Oliveira que fizeram questão de comparecer à exibição. Entre eles, o ator Caio Blat e a mulher Maria Ribeiro; Graziela Smith; Lucy Barreto; a ex-ministra da Cultura, Ana de Hollanda; o escritor Dodô Azevedo; Dira Paes; Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto. Alexandre Nero que também integrou o elenco numa participação especial como Franco, um marido mulherengo, admitiu que estava curioso para a sessão.
“Eu adorei o roteiro. Faço uma participação no começo e no final do filme. É a primeira vez que trabalho com o Domingos. Ele é um gênio. Os atores estavam num clima ótimo, se divertindo, não tinha como não ser”, contou. Antes do longa, foi exibido o curta “Funeral à Cigana” de Fernando Honesko com atores ciganos.
Mais um detalhe que não dá para passar desapercebido. Pela terceira noite seguida desde a abertura das exibições da mostra competitiva da Première Brasil no Odeon, o áudio apresentou problemas no som e na imagem logo no início da sessão, o que é sempre motivo para um intervalo de alguns minutos até o problema se resolver.
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