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Com curta-metragem, Carlo Mossy critica a insensibilidade no abandono de artistas

O ator e diretor Carlo Mossy em imagem de divulgação da novela "A Lua Me Disse" (10/8/05) - Divulgação/TV Globo
O ator e diretor Carlo Mossy em imagem de divulgação da novela "A Lua Me Disse" (10/8/05) Imagem: Divulgação/TV Globo

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

05/10/2012 13h50

Atuando em várias frentes do cinema --como diretor, ator, produtor, roteirista-- desde 1968, o cineasta Carlo Mossy sempre teve a preocupação de falar sobre os dramas humanos. E ele volta ao tema em seu novo curta, “Intervalo”, que será lançado ainda este ano.

O curta conta a história de uma atriz, já idosa, que está sendo expulsa de casa por sua única filha. A ideia, segundo Mossy, veio de sua própria experiência ao lado de conhecidos que foram abandonados por suas famílias. “Antigos, belíssimos, artistas, alguns hiper consagrados, porém rejeitados pelas suas próprias famílias, vivem no ostracismo e morrem de tristeza por isso. Conheço vários assim”.

O projeto começou a tomar forma há seis anos, quando o diretor começou a fazer filmagens no Retiro dos Artistas, uma instituição do Rio de Janeiro que abriga artistas aposentados. “Filmei vários artistas que lá viveram e ainda vivem. Muitos já morreram, mas guardei as imagens a fim de realizar, um dia, um longa, sobre esses esquecidos, que mesmo que bem tratados no Retiro, mereciam sorte melhor, mais justa, menos tirânica”.

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    Lady Francisco em cena de "Intervalo", curta-metragem de Carlo Mossy

Originalmente, o plano de Mossy era fazer um longa-metragem com o material que filmou no Rio. Ao amadurecer a ideia, porém, ele acabou optando por fazer o curta, que define como uma mescla de documentário e ficção. Para isso, ele chegou a usar atores e atrizes que conheceu no Retiro e que estavam vivenciando a situação de “forçado exílio”.

Com seu trabalho, o cineasta critica duramente a insensibilidade humana. Mas, para ele, ela não está restrita apenas ao círculo familiar dos artistas, que são muitas vezes esquecidos pelo próprio meio artístico. “A insensatez mesclada à mesquinhez dos que comandam e regem os espetáculos no teatro, cinema e TVs, não se sensibilizam com esse retrato  dantesco, desumano e, com certeza, contra producente, pois esses “velhos” artistas ainda têm muita coisa para ofertar ao público”, declara.

A crítica de Mossy é estendida por ele à situação de Lady Francisco, protagonista de “Intervalo” e veterana do cinema brasileiro a quem não poupa elogios. Ela não atuava no cinema desde 1987 e passou três anos sem conseguir um papel em novelas, até voltar à televisão com uma participação como a vidente Madame Kastrup em “Cheias de Charme”.

“A  Lady, além de uma excelente atriz --mas ridiculamente pouco requisitada por quem domina a situação das artes em geral-- é uma doce figura humana, altamente profissional. É uma honra, sempre, trabalhar com ela”, declarou o diretor, que já havia tido a oportunidade de trabalhar com Lady na comédia “Com As Calças Na Mão”, dirigida por ele em 1975.