Filme senegalês "Hoje" acompanha homem em seu último dia de vida
“Hoje” não é um filme para quem busca explicações. O personagem principal é Satché, um senegalês que volta para seu país natal depois de uma longa viagem aos Estados Unidos e descobre que aquele será seu último dia de vida. O filme, que chega ao Festival do Rio depois de ter participado da seleção oficial do Festival de Berlim, utiliza a história do protagonista para oferecer um pequeno recorte da capital do Senegal, Dakar.
Embora incite a curiosidade do espectador a procurar por motivos, o diretor Alain Gomis não oferece respostas fáceis. A “condenação” de Satché pode ter motivos religiosos, culturais ou de mera tradição. A única certeza é de que não existe escapatória para seu destino. Em vez de fugir do que lhe foi determinado, o protagonista dedica suas últimas horas para revisitar os personagens de seu passado, uma jornada que revela as contradições de um homem que parecia de moral inabalável.
Metáfora de um país onde o futuro não parece uma possibilidade ou não, “Hoje” é um filme que refuta a narrativa clássica que pede começos, meios e fins. Desde as primeiras cenas, o cineasta impõe ao espectador um mistério que ele mesmo não se compromete a esclarecer. Gomis parece mais interessado em compor um mosaico das variadas facetas de seu protagonista, como se, através dele, costurasse um painel multifacetado de sua cidade e seu país.
Em seu ato final, onde depois de cruzar toda a cidade e sua farta fauna de personagens, Satché chega em casa onde encontra os filhos e uma esposa inconformada com a condenação do marido, o diretor lança ainda mais dúvidas ao relativizar o tempo. O dia de Satché poderia representar sua vida inteira. Seu destino, mais do que fruto de uma maldição, seria a coroação do ritual de passagem de muitos senegaleses privados de esperança num país sem expectativas.
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