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Matthew McCounaghey interpreta assassino de aluguel no novo filme do diretor de 'O Exorcista'

Matthew McConaughey em cena de "Killer Joe" - Divulgação
Matthew McConaughey em cena de "Killer Joe" Imagem: Divulgação

Chico Fireman

Especial para o Uol, do Rio

07/10/2012 08h00

Matthew McCounaghey está cotado para concorrer ao Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel do ex-stripper de “Magic Mike”, de Steven Soderbergh, mas merecida mesma seria sua indicação pelo papel do assassino de aluguel que batiza “Killer Joe”. O filme de William Friedkin, vencedor do Oscar por “Operação França” e diretor de “O Exorcista, recupera um ator inspirado, que durante mais de dez anos se viu soterrado por papéis em comédias românticas e filmes de ação descerebrados.

“Killer Joe”, que integra o Festival do Rio e deve ser lançado em circuito como “Matador de Aluguel”, é uma comédia de suspense sobre um jovem que contrata um mercenário para matar a mãe bêbada, o que lhe garantiria o pagamento de um seguro farto. Friedkin dirige uma adaptação da primeira peça de Tracy Letts, ganhador do Pullitzer, uma exemplar de pulp fiction cuja verborragia, personagens bizarros e situações esdrúxulas e violentas que remetem ao cinema de Quentin Tarantino.

Mas a direção de Friedkin - que desde “Possuídos” (2006), também baseado no autor,  não assinava um longa-metragem - administra o universo escrito por Letts com uma maturidade que o diretor de “Kill Bill” ainda está desenvolvendo. É ele que dá credibilidade à fauna de personagens esquisitos que habita o filme, uma família disfuncional formada por um pai estúpido, uma madrasta ambígua, um filho que se acha esperto e uma filha virgem com o juízo frouxo, estereótipos que ganham camadas e contornos extras nas mãos do diretor.

Além da ótima interpretação de McCounaghey, que acerta no tom e no timing do personagem, o elenco oferece performances inspiradas: Thomas Haden Church é um ladrão de cenas, Emile Hirsch está mais eficiente que o de costume e Juno Temple oferece mais um personagem encantador. No entanto, é Gina Gershon quem impressiona no ato final do filme, que envolve violência exacerbada, revelações e Kentucky Fried Chicken.

William Friedkin, que aqui equilibra com um mestre o humor, o suspense e uma reflexão sobre o coração da América, parece dedicar os últimos minutos de seu longa a fazer a homenagem que a atriz nunca recebeu. E Gina devolve o presente com uma interpretação furiosa, que entra para a galeria de personagens femininos clássicos dos filmes do gênero. Depois de “Killer Joe”, o Texas nunca será o mesmo.