"Mais um Ano" tem protagonistas especialistas em administrar crises alheias
Nem um prêmio em Cannes, nem uma indicação ao Oscar de roteiro original. Nada foi suficiente para que o elogiadíssimo "Mais um Ano", filme que Mike Leigh lançou em 2010, conseguisse a sorte de ganhar espaço no circuito comercial brasileiro. Dois anos depois, o Festival do Rio termina com o boicote ao longa, até então ignorado inclusive pelas principais mostras de cinema do país. Uma injustiça com o belo filme, de um diretor cujos últimos seis títulos tiveram lançamento no Brasil.
"Mais um Ano" é uma obra peculiar na filmografia de Mike Leigh. Criador de personagens sempre envoltos numa melancolia que geralmente dá o tom dos filmes, aqui o diretor aposta em um casal solar de protagonistas, que dilui o peso das angústias trazidas pelos coadjuvantes. Esse contraste empresta ao longa a leveza de um romance que deu certo e que dura anos, décadas. É um filme romântico por natureza.
Os personagens de Jim Broadbent e Ruth Sheen, ambos inspiradíssimos, oferecem uma esperança que diferencia o longa de obras como "Segredos e Mentiras" e "Agora ou Nunca", filmes belíssimos, mas cujo pessimismo é quase determinista. Tom e Gerri, versões light da protagonista de "Simplesmente Feliz", estão cercados por gente problemática e vidas caóticas, mas nada parece abalar o casal, cujo principal objetivo parece ser mediar conflitos e oferecer um ombro amigo.
O título do filme os resume bem: um ano a mais em seu casamento sólido, um ano a mais em sua "missão" de ouvir os problemas e administrar as crises alheias. Mas também reflete a própria obra de Leigh, um homem dono de um texto direto e vigoroso, um diretor que, filme após filme, reassume um compromisso com um cinema simples, cheio de personagens complexos e incrivelmente reais.
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