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Diretora de "Matrix" diz que chegou a escrever carta de suicídio aos pais por ser transexual

Diretora Lana Wachowski na pré-estreia do filme "Cloud Atlas", na Califórnia (24/10/12) - Reuters
Diretora Lana Wachowski na pré-estreia do filme "Cloud Atlas", na Califórnia (24/10/12) Imagem: Reuters

Do UOL, em São Paulo

25/10/2012 09h12

A diretora da trilogia "Matrix", Lana Wachowski, revelou, ao receber um prêmio da Campanha de Direitos Humanos, em São Francisco, que chegou a escrever uma carta de suicídio destinada ao seus pais. Wachowski decidiu assumir a transexualidade em 2002. Até então, ela vivia como um homem chamado Larry.

Em seu longo discurso, ela contou todo o preconceito que sofreu desde criança. Até a terceira série, ela tinha cabelos compridos, costumava brincar com as meninas e todos os alunos da escola pública onde estudava usavam calça jeans e camiseta.

As coisas, no entanto, pioraram quando ela foi trasferida para uma escola católica, onde as meninas usavam saia e os meninos, calça. Lana, então Larry, teve de cortar os cabelos. Em uma certa manhã, meninos e meninas foram divididos em duas filas distintas. Sem saber para qual fila ir, Wachowski ficou parada entre as duas e acabou apanhando da freira que cuidava das crianças.

A diretora, que dirigiu a trilogia de sucesso ao lado do irmão, Andy, disse que escreveu a carta de suicídio aos seus pais na adolescência porque queria convencê-los de que não tinham culpa por ela ser transexual. Decidida a se jogar na frente de um trem, a diretora só mudou de ideia porque um senhor apareceu e a encarou por um longo período. "Eu não sei por que ele não parou de me olhar. Tudo que eu sei é que, por causa disso, eu estou aqui", disse.

Ela contou ainda que uma voz em sua cabeça dizia para ela: "Eu sou uma aberração, há algo de errado comigo, por isso eu nunca serei amada".

Wachowski afirmou que tinha muito medo de falar sobre isso em público, de ter que "confessar" coisas sobre sua vida em um programa de TV, de ter de lidar com as lágrimas do apresentador. "Estou aqui porque quando eu era jovem, eu queria muito ser escritora, eu queria ser cineasta, mas eu não encontrei alguém como eu no mundo e parecia que meus sonhos foram impedidos simplesmente porque meu gênero era mais incomum que os outros".

Casada com uma mulher, que a diretora não revela o nome, disse que com o tempo descobriu que poderia ser amada não apesar das diferenças, mas por causa delas.