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Inspirado em histórias reais, "O Que Se Move" usa silêncio e música para recriar tragédias

Cena do filme "O que se Move", de Caetano Gotardo - Divulgação
Cena do filme "O que se Move", de Caetano Gotardo Imagem: Divulgação

Chico Fireman

Do UOL, em São Paulo

28/10/2012 05h00

O silêncio e a música são elementos essenciais para a construção da narrativa de “O Que Se Move”, um dos filmes brasileiros selecionados pela 36ª edição da Mostra de Cinema de São Paulo. É o silêncio que pontua as histórias trágicas selecionadas a partir de casos reais pelo diretor paulistano Caetano Gotardo. É a música, ou mais especificamente a melodia, que resolve esses três pequenos contos sobre mães e filhos. A combinação de silêncio e música se transforma na arquitetura de longa.

Apesar da unidade temática, os três episódios são bem delimitados e funcionam isoladamente. Nas duas primeiras histórias, o cineasta, que assina seu primeiro longa-metragem, desenvolve as tramas com um ritmo documental, reservando um generoso espaço para o casual e compondo um retrato íntimo de cada família. Os grandes eventos em cada história são reservados para os minutos finais, golpeando o espectador, embalado até então pelo movimento narcotizado dos personagens.   

Gotardo é particularmente feliz no roteiro do filme, que registra em detalhes as banalidades cotidianas que humanizam os protagonistas. Sua falha - que também pode ser uma opção de linguagem - talvez esteja na direção de atores, cujo timing parece contrastar com a naturalidade que a condução da história pediria, o que cria um certo conflito de intenções. Alguns atores parecem recitar seus textos nos diálogos, o que só termina se justificando no formato escolhido para o desfecho dos episódios.

Esta solução encontrada para encerrar cada narrativa, o grande achado do diretor, o principal diferencial do filme, tem duas funções distintas: além de criar um laço formal entre as três histórias, definindo uma linguagem para “O Que Se Move”, trata de levar as tramas, reflexões poderosas sobre a ausência, para um estado onde as três protagonistas flutuam sobre a realidade, longe das tragédias que transformaram suas vidas. É com a melodia que Gotardo as livra do vazio da perda, exorcizando suas dores.



Serviço

"O que se Move", de Caetano Gotardo (Brasil, 2012)

Quando: Domingo (29), às 14h
Onde: Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca 5 - rua Frei Caneca, 569, Consolação (sessão 1051)