Acidental ou obra do esforço, amor é debatido na comédia "A Arte de Amar"
Embora o título sugira que existe um ofício a ser aprendido para se chegar ao amor, a comédia francesa “A Arte de Amar”, lançada no Brasil no dia 2 de novembro, apresenta esse sentimento também como obra do acaso.
A trama acompanha a vida de vários personagens, todos à procura de paixões novas, amores velhos ou pelo menos tentando entender o que raios significa a mais famosa – e estudada – das sensações.
Dirigido, escrito e atuado por Emmanuel Mouret, o longa retoma a velha fórmula das comédias românticas atuais, que misturam inúmeras histórias em uma mesma trama. Nem sempre os casos se cruzam, mas todos apontam para a dificuldade de se manter um amor – verdadeiro ou não.
A traição caminha lado a lado do amor entre os debates sugeridos pelo filme. Os personagens se vêem em situações nas quais indagam se é natural desejar o outro, pensam sobre como tornar o ato em algo correto e ainda se é necessário contar ou não ao parceiro.
Sobre o tema da infidelidade, talvez o mais completo dos exemplos seja o do casal Paul (Philippe Magnan) e Emmanuelle (Ariane Ascaride). Ainda que ame o marido, a esposa se encontra com um desconforto: quer dormir com outras pessoas. Ou pelo menos flertar com elas.
Envergonhada, Emmanuelle cogita estar com uma doença por nutrir a curiosidade ou até mesmo o desejo por corpo diferente do marido. Paul também sofre ao saber da verdade sobre a companheira, mas descobre ter forças para manter-se por perto, interessado em -- pelo menos -- abraçar a amada.
O sexo também vai aparecer em outras histórias, provas da vontade do diretor em ilustrar situações que mostrem como é complicado relacionar sexo e amor, dentro ou fora de um relacionamento.
Os momentos mais cômicos aparecem com o experiente François Cluzet, que interpreta um personagem capaz de evocar até a natureza como desculpa para poder dormir com uma vizinha indecisa. Confusa, a garota tanto se aproxima do vizinho com a desculpa do “faltou sal em casa” como se afasta com uma frase pior ainda: “nossa relação precisa ser natural”.
Apesar de bater nas mesmas teclas de outros filmes, “A Arte de Amar” cumpre com o papel de entreter quem procurar por um filme leve sobre relacionamentos. Sem negar que é impossível não se magoar de vez em quando e reconhecendo as imperfeições humanas, o longa pode agradar tanto os dois times: eternos amantes do acaso e aqueles que apostam no suor para construir um amor.
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