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"A TV e o videogame mudaram muito a relação olhos e imagem", diz ator Giancarlo Giannini

Giancarlo Giannini, homeageado do 8º Festival de Cinema Italiano, concede entrevista no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo (26/11/12) - Divulgação
Giancarlo Giannini, homeageado do 8º Festival de Cinema Italiano, concede entrevista no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo (26/11/12) Imagem: Divulgação

Mariane Zendron

Do UOL, em São Paulo

27/11/2012 15h50

Na última década, o ator Giancarlo Giannini participou de grandes produções como "Hannibal",  “007 – Cassino Royale” e “007 – Quantun of Solace”, mas o 8º Festival de cinema italiano colocará na tela grande filmes italianos protagonizados pelo ator nas décadas de 70, 80 e 90. Nesta segunda-feira (26), Giannini participou de um bate-papo com público e imprensa na abertura do evento, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, onde relembrou alguns personagens. O festival se realiza até o dia 13 de dezembro na Faap, MIS, algumas salas do Cinemark e Cine Sabesp. Veja programação.

Giannini, que atuou em mais de 100 filmes e trabalhou com grandes diretores, como Mario Monicelli, Ettore Scola e Lina Wertmuller, também falou sobre a produção cinematográfica na Itália, que perdeu força a partir dos anos 80. Para o ator, isso não foi um problema apenas para os italianos, mas um fenômeno mundial. “A TV e o viedogame mudaram muito a relação olhos e imagem”, disse ele.

Os italianos, segundo ele, sempre foram muito bons para imaginar no cinema. “Tivemos uma genialidade muito intensa. Os italianos sempre foram bons para fantasiar, mas a imagem foi muito contaminada. Felinni já dizia: 'Vamos ao cinema como se fôssemos a um museu'. Antigamente, dependíamos da luz natural para criarmos efeitos especiais. Agora, com alguns botões fazemos tudo”, disse ele.

Para o italiano, que também prepara o lançamento de seu segundo filme como diretor, “I Looked in Obituaries”, ainda sem previsão de estreia, o cinema é um jogo, uma fábula, brincadeira. Seus filmes preferidos são os que recriam a realidade de uma forma poética, entre eles está “Amor e Anarquia” (1973), dirigido por Lina Wertmüller, que faz parte da programação do festival. No filme, Giannini viveu o anarquista Tunin. “O personagem era muito bem construído. Ele tinha olhos muito vivos e um sorriso de gato. Andava como uma pessoa que vive no interior e que encarava a aventura com muita naturalidade”, disse ele.

Neste quinta-feira (29), o ator conversa com o público na Faap, às 11h30, antes da exibição de “Pasqualino Sete Belezas”, às 13h, que lhe rendeu indicação ao Oscar em 1977 e a primeira nomeação de uma mulher a melhor direção, para Lina Wertmüller. O ator relembrou a atuação do homem desertor do exército italiano, que faz de tudo para sobreviver em um campo de concentração. “Foi muito difícil gravar em um campo de concentração, mas é um personagem muito forte, real, que encontra forças para viver”.