De volta ao papel de Gandalf, Ian McKellen canta e dança em "O Hobbit"

Ian McKellen nunca deu nada como certo. Claro que todo fã de "O Senhor dos Anéis" (2001-2003) esperava que o ator voltasse no papel em que foi indicado ao Oscar, o do mago Gandalf, em "O Hobbit". E os mais exaltados insistiam em dizer que, sem ele, o novo longa não poderia e não deveria ser feito.

ATOR REVELA CÂNCER

Durante a pré-estreia do filme, Ian McKellen revelou ter um câncer há deis ou sete anos. "Muitos, muitos homens morrem disso, mas é um dos tipos de câncer mais tratáveis, por isso estou em ‘observação’. Estou fazendo exames regularmente e está contido, não está se espalhando. Eu não tive qualquer tipo de tratamento"

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Entretanto, os anos foram passando e "O Hobbit" continuava parado; a idade, os horários e os planos de McKellen começaram a pesar. E quando Guillermo del Toro concordou em dirigir a versão de dois longas, não tinha obrigação de convocar o ator.

Felizmente, deu tudo certo. McKellen leu o roteiro e adorou. Del Toro planejava levá-lo adiante, mas acabou pulando fora, abrindo espaço para o mestre Peter Jackson se acomodar na cadeira do diretor. E o que seriam dois filmes vai ser uma trilogia, cuja primeira parte, "Uma Jornada Inesperada", estreia em 14 de dezembro, com o britânico envergando a túnica e o chapéu de Gandalf.

Em "O Senhor dos Anéis", Gandalf enviou um hobbit, Frodo Bolseiro (Elijah Wood), para o leste numa grande missão; em "O Hobbit", o prólogo, ele envia o tio de Frodo, Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) também para o leste, mas para uma missão diferente. Por telefone, de sua casa em Londres, com o vozeirão imponente de sempre, McKellen enfatiza que, apesar de o personagem ser o mesmo, as diferenças são grandes.

"O livro foi escrito num ritmo bem diferente de 'O Senhor dos Anéis'", ele explica. "É uma aventura para crianças que Tolkien colocou na primeira pessoa. Ali ele basicamente introduz a ideia da Terra Média aos pequenos. 'O Senhor dos Anéis' é muito mais profundo e abrangente. Quatro hobbits saem numa missão de salvar o mundo, a civilização, como se saíssem para lutar numa grande guerra. Os anões de 'O Hobbit', não; eles querem recuperar sua terra, é verdade, mas estão mais preocupados com o ouro que o dragão levou."

"O papel de Gandalf é ajudá-los a conseguir recuperá-lo", ele continua, "mas, mais do que no livro, percebe-se por que Gandalf está interessado em auxiliá-los: já sente que a Terra Média está começando a mudar, que há algo está prestes a acontecer, mas não sabe bem definir o quê. Há perigo no ar. No livro, volta e meia ele se despede dos anões dizendo: 'Voltarei quando precisarem de mim'; já no filme, você descobre aonde ele vai".

Tá, mas aonde ele vai?

"Ele tem uma visão geral de como a busca dos anões se encaixa nas mudanças da Terra Média e que acabam levando à saga de 'O Senhor dos Anéis', responde ele. "Assim, Gandalf faz parte da aventura ao mesmo tempo em que está cuidando de outros assuntos e se encontra com Galadriel (Cate Blanchett), Elrond (Hugo Weaving) e Radagast (Sylvester McCoy), lidando com várias coisas estranhas."

McKellen confessa que voltou a incorporar o personagem com facilidade e rapidez. De certa forma, foi apenas uma questão de vestir a roupa e fazer a maquiagem.

"Não pude colocar a roupa antiga", explica ele. "A original está guardada, virou uma espécie de antiguidade, sem poder nem ser tocada, até que um dia vá parar num museu. A que eu uso agora é muito parecida com aquela. Ganhei botas pretas, de que gostei muito, e que Tolkien menciona, além de um cachecol prateado que não existia antes."

Gandalf aparece com mais destaque em "Uma Jornada Inesperada"; apesar disso, McKellen voltará à Nova Zelândia em maio de 2013 para filmar sequências adicionais para os dois próximos filmes, "A Desolação de Smaug" e "Lá e De Volta Outra Vez", que serão lançados em 2013 e 2014, respectivamente. No momento, porém, depois de tantos cancelamentos e atrasos, o ator está satisfeito só em saber que os fãs do mundo inteiro vão poder começar a ver os filmes da nova trilogia.

"Acho que estou preparado", diz ele. "Vira e mexe encontro alguém que diz que não aguenta esperar - seja na mercearia na esquina de casa, no metrô ou na Comic Con de San Diego. Lá, aliás, soube que o pessoal passou a noite na porta só para poder ver a minha apresentação. Acabei indo visitá-los. Sei que os fãs estão todos aí, superanimados."

(Ian Spelling é jornalista freelancer de Nova York.)