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Naomi Watts revela como quase perdeu a vida ao falar sobre atuação em "O Impossível"

Cena do filme "O Impossível", estrelado por Ewan McGregor e Naomi Watts, que reconta o drama vivido por uma família em férias na Tailândia durante o tsunami devastador de 2004 - Divulgação
Cena do filme "O Impossível", estrelado por Ewan McGregor e Naomi Watts, que reconta o drama vivido por uma família em férias na Tailândia durante o tsunami devastador de 2004 Imagem: Divulgação

Nancy Mills*

Do Hollywood Watch, em Manhattan Beach

20/12/2012 05h00

Atores frequentemente enfrentam a morte nas telas. Naomi Watts o fez na vida real. "Quando minha mãe, meu irmão e eu nos mudamos da Inglaterra para a Austrália, nós paramos em Bali", lembra a atriz de 44 anos, que tinha 14 à época. "Nós nadávamos e fomos pegos por uma correnteza. Estávamos contra a maré, tentando chegar à praia, quando deveríamos simplesmente deixar a correnteza nos levar."

"Cheguei ao ponto da exaustão e desisti. Minha mãe encontrou milagrosamente um banco de areia sob seus pés e conseguiu me puxar”, diz Naomi. “Desde então, tenho um medo terrível de ondas."

Com esse retrospecto, a atriz poderia ser uma candidata improvável para estrelar um filme sobre o grande tsunami de 2004 no Oceano Índico, no qual mais de 280 mil pessoas morreram. Mas Naomi consegue reviver seu trauma de infância sentada em um quarto de hotel em West Hollywood, durante as atividades de promoção do filme “O Impossível”, baseado em fatos reais sobre uma família pega no tsunami. O filme será lançado nos Estados Unidos em 21 de dezembro.

"O Impossível"

A atriz passou mais de um mês sendo golpeada por 130 mil litros de água dentro de um tanque imenso na Espanha. A meta era filmar uma sequência de 10 minutos na qual sua personagem é arrastada pela grande onda.

O diretor J.A. Bayona diz que a energia dela foi notável. “Naomi já estava com problemas estomacais por ter engolido água suja. Ela é ótima para retratar os aspectos sombrios da vida, adora que seu diretor a pressione até o limite. Nós conseguimos colocar a personagem dela em situações reais, e às vezes eu tinha dúvidas se ela estava interpretando ou se era real”, conta o cineasta.

Naomi reconhece. “Eu sou atraída por histórias que me afetam”, diz a atriz. “Assisti às notícias sobre o tsunami e participei de um teleton com George Clooney para ajudar a arrecadar dinheiro, mas eu realmente não entendi o que aconteceu até ler o roteiro.”

Atriz ou psicóloga?
Naomi Watts interpreta uma médica que está passando férias com seu marido (Ewan McGregor) e seus três filhos pequenos em um exuberante resort praiano na Tailândia. Quando ocorre o tsunami, ela e seu filho mais velho (Tom Holland) são separados da família e arrastados para o interior, sofrendo ferimentos terríveis.

Quando a água recua, a família é resgatada por moradores locais e levada para um hospital – mas isso está longe de ser o fim da história, já que a personagem luta para encontrar o restante de seus parentes em meio à devastação.

Naomi dá crédito ao seu relacionamento estreito com Maria Belon, a esposa e mãe espanhola que serviu de base para a história de "O Impossível". “Quando nos conhecemos, eu me senti completamente ligada a ela. Nós nos olhamos por um longo tempo. Lágrimas vieram e finalmente nos demos um grande abraço.”

Em pessoa, Naomi Watts mais parece uma estrela de cinema glamourosa dos anos 40 do que uma médica moribunda – ou do que a mãe aflita de dois meninos, como é na vida real. Ela e seu companheiro de longa data, o ator Liev Schreiber, são pais de Alexander, 5 anos, e Samuel Kai, 4 anos.

Mas ao descrever seu trabalho, ela mais parece uma psicóloga. “Eu acho divertido ir a lugares sombrios. É um modo de escancarar o lado sombrio e enfrentá-lo. Eu gosto de trabalhar com um diretor que tem visão. Eu me entrego nas mãos dele se confiar nele, mas não vou àquele lugar se não confiar.”

EQUIPE FALA SOBRE "O IMPOSSÍVEL"

Carreira
Durante 26 anos a frente das câmeras, Naomi recebeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz pelo trabalho em “21 Gramas” (2003). Já foi elogiada pela atuação em filmes como “Senhores do Crime” (2007), “Destinos Ligados” (2009) e “Jogo de Poder” (2010).

Raramente aparece em comédias -- um tanto por opção, apesar de ter feito “Huckabees - A Vida É uma Comédia” (2004), de David O. Russell, e “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” (2010), de Woody Allen. “Geralmente prefiro estar em filmes sobre os quais as pessoas gostam de conversar ou pensar a respeito. Gosto de contar histórias que signifiquem algo. É uma coisa visceral.”

Mas a atriz é rápida em dizer que não é tão atormentada quanto os personagens que interpreta. “Não me vejo como uma pessoa sombria e atormentada que precisa sofrer. Meu trabalho é uma válvula de escape fantasticamente criativa que me permite diminuir as trevas. Eu posso ficar deprimida, mas eu gosto de ver o lado bom das coisas”, diz.

Futuro e passado
Naomi Watts parte das dezenas de astros de “Para Maiores”, uma comédia com lançamento previsto para janeiro. Em “Two Mothers”, ela e Robin Wright interpretam amigas que se apaixonam pelos filhos uma da outra. “Sunlight Jr.” a apresenta como a namorada operária e grávida de um paraplégico (Matt Dillon). Recentemente ela concluiu o trabalho em “Diana”, um drama sobre os dois últimos anos da vida de Diana, a Princesa de Gales.

A atriz finalmente tem a carreira com a qual sonhou. A jornada é ainda mais impressionante dado que Watts tinha 31 anos e era virtualmente desconhecida quando David Lynch a escolheu para estrelar “Cidade dos Sonhos” em 1999, o filme que a projetou dois anos depois, ao ser lançado.

Naomi consegue ver vantagem na demora para despontar. “Se eu tivesse feito sucesso aos 21 anos, ele provavelmente não se sustentaria. Eu seria muito mais impressionável e provavelmente seria atraída por coisas nas quais teria feito um trabalho horrível. Agora eu tenho um senso melhor de mim mesma”, afirma.

TRAILER LEGENDADO DE "O IMPOSSÍVEL", COM NAOMI WATTS

(Nancy Mills é jornalista freelancer em Manhattan Beach)

Tradução: George El Khouri Andolfato