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Com Tom Hanks e Halle Berry, "A Viagem" mistura histórias no tempo e no espaço

Cena do filme "A Viagem", aventura com Tom Hanks no elenco - Divulgação / Imagem Filmes
Cena do filme "A Viagem", aventura com Tom Hanks no elenco Imagem: Divulgação / Imagem Filmes

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

10/01/2013 23h32

O filme "A Viagem", dirigido por Tom Tykwer ao lado dos irmãos Andy Wachowski e Lana Wachowski, é um combinado de seis filmes dentro de um. Poderia ser vantagem pagar um ingresso e ganhar vários longas se algum deles funcionasse direito, o que não é bem o caso.

Adaptado do romance pós-moderno "Cloud Atlas", do inglês David Mitchell, o enredo embaralha as histórias, que se passam em eras e lugares distintos, o que acaba evidenciando ainda mais a ideia do livro: que a experiência humana é mesmo independente do tempo e do espaço.

No romance, cada segmento acontece separadamente, como se fossem contos interligados. Já no roteiro assinado pelos diretores, as narrativas acontecem paralelamente, pulando sem parar da Inglaterra dos anos de 1930 para uma ilha havaiana num futuro pós-apocalíptico, e depois para outro futuro distópico num lugar chamado Nova Seul.

O elenco tem como protagonistas Tom Hanks, Halle Berry, Jim Broadbent, Hugh Grant, Susan Sarandon, Jim Sturgess, Hugo Weaving, James D'Arcy e Ben Wishaw. Cada um interpreta diversos papéis, mudando de sexo, cor da pele ou etnia, o que é resolvido por um complexo trabalho de maquiagem.

Halle interpreta uma jornalista nos anos de 1970 investigando uma usina nuclear, uma alienígena no futuro e uma aristocrata judia na década de 1930. Já Hanks vive o membro de uma tribo, um médico num navio do século 19 e um escritor beberrão no século 21.

É equívoco tratar os nossos dias como o presente no filme, pois "A Viagem" não distingue passado, presente e futuro. Não há propriamente um tempo presente no longa. É fácil perder a noção do tempo conforme as cenas se embaralham.

A primeira trama acompanha um navio no século 19 onde um médico (Hanks) tenta roubar a fortuna de um aristocrata (Sturgess). Seguindo cronologicamente, nos anos de 1930, um jovem compositor (Whishaw), deixa seu amante (James D'Arcy) em Cambridge e torna-se uma espécie de secretário de um velho músico, famoso e um tanto decrépito (Broadbent), na esperança de conseguir a fama.

Na década de 1970, uma jornalista investiga uma usina nuclear e é perseguida. Em 2012, um editor fracassado (Broadbent) reencontra o sucesso quando o autor (Hanks) do livro que publicou joga um crítico do alto de um prédio.

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Já na futurista Nova Seul, garçonetes de uma rede de fast food são produzidas artificialmente e acabam descartadas como lixo. Uma delas (Doona Bae) se rebela contra isso. Sua mensagem ecoará por séculos numa tribo numa ilha do Pacífico, visitada por uma alienígena (Berry), que está em busca de uma alternativa de sobrevivência para seu povo.

Embora sejam três diretores conhecidos e experientes -- os irmãos Wachowski assinaram a trilogia "Matrix" e o alemão Tykwer, "Corra, Lola, Corra" -- nenhum deles deixa uma marca autoral nítida em seus segmentos.

Depois de quase três horas de projeção, o que resta na memória é uma música melosa e incessante e fragmentos de diálogos que parecem saídos diretamente de um manual de autoajuda.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb (via Reuters)