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Com Simone Spoladore na memória, Mostra de Tiradentes abre temporada de festivais no país

Simone Spoladore, a homenageada da 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em cena do filme"Sudoeste", de Eduardo Nunes - Divulgação
Simone Spoladore, a homenageada da 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em cena do filme"Sudoeste", de Eduardo Nunes Imagem: Divulgação

Sérgio Alpendre

Do UOL, em São Paulo

17/01/2013 20h18

Começa nesta sexta-feira (18) a 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes, evento que abre o calendário anual de festivais brasileiros com o pé direito.

Há muito tempo Tiradentes se transformou num espaço de exibição associado ao cinema brasileiro mais inventivo, seja o feito por jovens realizadores ou veteranos como Júlio Bressane, Paulo Cesar Saraceni e Edgard Navarro.

É, também, o espaço que melhor homenageia atores e atrizes da nova geração. Ano passado teve homenagem a Selton Mello, como em outros anos teve para João Miguel, Irandhir Santos entre outros. Desta vez a celebrada é Simone Spoladore, a atriz curitibana de voz e personalidade fortes que arrebatou espectadores a partir de seu primeiro sucesso no cinema, o longa "Lavoura Arcaica" (ausente da programação).

Os três longas-metragens incluidos na homenagem à bela atriz são as pré-estreias "A Memória Que Me Contam", de Lucia Murat, "Nove Crônicas Para Um Coração aos Berros", de Gustavo Galvão, e o já lançado em circuito comercial "Sudoeste", de Eduardo Nunes.

Dentro da Aurora, mostra competitiva de diretores estreantes (ou no segundo longa), estão sete longas-metragens de cinco estados diferentes, com predomínio de Minas Gerais: "Ferrolho", de Taciano Valério (PE); "Flutuantes", de Rodrigo Savastano (RJ); "Linz - Quando Todos os Acidentes Acontecem", de Alexandre Veras Costa (CE); "Matéria de Composição". de Pedro Aspahan (MG); "Nas Minhas Mãos Eu Não Quero Pregos", de Cris Ventura (MG); Os Dias Com Ele, de Maria Clara Escobar (SP); e "Ventos de Valls", de Pablo Lobato (MG).

É na mostra Aurora que se concentram as maiores surpresas e decepções do festival, com aplausos entusiasmados ou protocolares como medição de sucesso junto ao público (que não costuma vaiar).

Nas outras mostras de longas, vale destacar: "A Balada do Provisório", de Felipe David Rodrigues (RJ); "Boa Sorte Meu Amor", de Daniel Aragão (PE); "Doce Amianto", de Guto Parente e Uirá dos Reis (CE); "Doméstica", de Gabriel Mascaro (PE); "Eles Voltam", de Marcelo Lordello (PE); "Esse Amor Que Nos Consome", de Allan Ribeiro (RJ); "Jards", de Eryk Rocha (RJ); "Otto", de Cao Guimarães (MG); e "Supernada", de Rubens Rewald.

Vale mencionar ainda o providencial resgate de "Proezas de Satanás na Vila de Leva-e-Traz", filme de Paulo Gil Soares lançado originalmente em 1967, que terá exibição digital. Soares foi um dos mais talentosos participantes da Caravana de Thomas Farkas, e neste longa se alinha ao cinema de invenção que começava a ser feito na época.

Seja com filmes novos, ou com antigos, a Mostra de Tiradentes conquistou seu merecido espaço no panorama cultural brasileiro. Mas cresceu perigosamente nos últimos anos. Resta então um grande desafio: dissipar o oba-oba nocivo que se forma entre cineastas, debatedores e jornalistas e permitir (ou incentivar) que o atual momento de florescimento receba também as cobranças e questionamentos que fazem com que uma cinematografia cresça artisticamente.