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Diretor revela surpresa por indicações de "Indomável Sonhadora" ao Oscar

Benh Zeitlin, diretor de "Indomável Sonhadora", revela surpresa por quatro indicações ao Oscar - Gerald Herbert/AP
Benh Zeitlin, diretor de "Indomável Sonhadora", revela surpresa por quatro indicações ao Oscar Imagem: Gerald Herbert/AP

Thiago Stivaletti

Do UOL, em São Paulo

20/02/2013 05h00

O diretor Benh Zeitlin, um nova-iorquino de 30 anos, está feliz apesar do cansaço. Nos últimos meses, o cineasta viajou por 20 países e 20 estados norte-americanos para divulgar o longa "Indomável Sonhadora", produção indicada a quatro categorias no Oscar 2013: melhores filme, diretor, atriz e roteiro adaptado.

O filme traz a história de Hushpuppy, uma menina que vive com seu pai na "Banheira", uma região alagada da Louisiana separada do resto da cidade por uma represa. Ela tem uma relação especial com a natureza e a imaginação povoada por imensos bichos pré-históricos.

"Indomável" teve a trajetória mais meteórica do ano passado, depois de ter sido premiado em Sundance e em Cannes.

Para Zeitlin, o Oscar já vinha aparecendo no horizonte, mas ele nunca imaginou que seria com tanta força. "As pessoas comentaram sobre o filme o ano todo. Sempre imaginei que teria uma chance de ser indicado a melhor filme, já que é uma lista de até dez indicados. Mas nunca imaginei que entraria em outras categorias", contou o cineasta, ao conversar com o UOL por telefone a partir de Nova Orleans, região próxima ao local onde o filme foi rodado.

Surpresa maior foi Quvenzané Wallis, que vive a corajosa Hushpuppy, tornar-se a indicada mais jovem da história do Oscar. Durante nove meses, Zeitlin testou 4 mil garotas da Louisiana para o papel. "Ela foi a menina mais nova que testamos, tinha apenas cinco anos na época. Quando ligamos a câmera pra ela, mais de mil garotas já tinham feito o mesmo teste", revela o diretor. "Mas ela era muito mais emocional que as outras. Tinha um olhar especial, uma força e energia incríveis."

Quase como um pai, o diretor a protege do assédio excessivo da mídia, limitando o número de entrevistas da jovem atriz. Mas a tarefa é tranquila: "Qhvenzané tem os pés no chão, não é deslumbrada, tem a cabeça no lugar".

A ideia do filme surgiu há seis anos, quando Zeitlin foi convidado por amigos a visitar Nova Orleans algum tempo depois da passagem do furacão Katrina. "Ouvi a história dos moradores depois do furacão. Eu queria fazer um filme que falasse daqueles sobreviventes. Já houve seis grandes tempestades ali depois do Katrina, é um lugar constantemente castigado pela natureza".

VEJA TRAILER LEGENDADO DE "INDOMÁVEL SONHADORA"

Para o diretor, existe um bom motivo para o longa ter chegado ao Oscar. "O filme foi feito fora da indústria. Quase toda a equipe é de estudantes de cinema. Quis contar uma história diferente, com uma linguagem diferente, mas que se comunicasse com o grande público como os filmes de Hollywood".

Zeitlin pretende voltar ao ambiente úmido às altas temperaturas da Louisiana para seu próximo projeto, mas por enquanto mantém apenas um livro cheio de fotos que tirou nas visitas que fez. 

O diretor ri quando o assunto é a mudança do título de seu filme no Brasil. O original ("As feras do sul selvagem", em tradução livre) transformou-se em "Indomável Sonhadora". "Se funcionar e ajudar a emplacar o filme por aí, tudo bem por mim", disse Zeitlin, que já esteve por aqui seis vezes. "Meus avós moraram alguns anos no Brasil, e dois tios e alguns primos vivem em São Paulo."