Com tradução boa, Globo marca 9 pontos de Ibope na transmissão do Oscar

Embora a transmissão da Globo dos prêmios Oscar tenha começado apenas depois do "Fantástico" e do "BBB" e tenha deixado de fora os primeiros prêmios distribuídos pela Academia, a emissora conseguiu marcar nove pontos no Ibope da madrugada de domingo para segunda, com 33% dos televisores ligados. Cada ponto no Ibope equivale a 60 mil domicílios na Grande São Paulo.

Com uma tradução precisa de Ana Viana, com poucos atrasos e pouquíssimas frases engolidas, a Globo deu ao telespectador a oportunidade de sair do canal a cabo TNT e parar de ouvir traduções desnecessárias como "garotas Bond"; Rubens Ewald Filho expondo suas excessivas referências à história do cinema por cima dos discursos ou ainda a tradução tão atrasada que era impossível de entender o que se dizia tanto em português quanto em inglês.

Ao contrário da TNT, no entanto, a Globo trazia, pela oitava vez, os comentários de José Wilker, carentes do conhecimento enciclopédico do comentarista concorrente. Quando houve empate na categoria edição de som, entre "Skyfall" e "A Hora Mais Escura", por exemplo, Wilker disse "achar" que isso já tinha acontecido. Um bloco depois, após uma pesquisa da produção, "lembraram-se" de que também houvera empate entre Katherine Hepburn e Barbra Streisand em 1969 e entre os atores Fredric March e Wallace Beery em 1932.

Na verdade, houve empate no Oscar mais três vezes, além das citadas acima: em 1949, com os documentários em curtas-metragem "A Chance to Live" e "So Much for So Little"; em 1986 com os documentários de longa-metragem "Artie Show: Time Is All You've Got" e "Down and Out in America"; e em 1994, com os curtas de ficção "Franz Kafka's It's a Wonderful Life" e "Trevor".

Wilker também comentava premiações com adjetivos vagos ("merecido", "esperado"), que pouco informavam ao telespectador a importância do prêmio ou do premiado. 

Em outro momento, falou logo após a performance de Adele para "Skyfall" que tema de 007 era como samba-enredo. As metáforas carnavalescas continuaram quando o ator brasileiro se referia à cena inicial de "Os Miseráveis" como "abre alas". 

Já Maria Beltrão estava mais preparada, com estatísticas da premiação na ponta da língua, mas também fazia alguns comentários curiosos, como por exemplo sobre o Oscar de fotografia para "As Aventuras de Pi": "Muito realista", para um fábula cujo principal personagem é um tigre feito por computação gráfica..